Política

Audiência pública em Craíbas debate impactos das atividades da Mineração Vale Verde

24/09/2025
Audiência pública em Craíbas debate impactos das atividades da Mineração Vale Verde

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa realizou uma audiência pública, nesta quarta-feira, 24, na Câmara Municipal de Craíbas, para ouvir relatos de moradores sobre os impactos das atividades da Mineração Vale Verde, responsável pela Mina Serrote, no Agreste do Estado. Durante o encontro, os residentes descreveram rachaduras em casas, tremores de terra, excesso de poeira, barulho constante e risco de contaminação de rios.

A reunião foi presidida pelo deputado Ronaldo Medeiros (PT), com a participação dos deputados Ricardo Nezinho (MDB), Silvio Camelo (PV) e Fernando Pereira (Progressitas). Também estiveram presentes representantes da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, da Secretaria de Direitos Humanos, das Defensorias Públicas, do Instituto do Meio Ambiente e do Ministério Público.

Ronaldo Medeiros alertou para os riscos ambientais em larga escala. "Vamos notificar órgãos para conferir a qualidade da água, pois é crucial não repetirmos casos como o de Mariana, em Minas Gerais, ou o da Braskem, em Maceió", classificando a situação como grave. O parlamentar defendeu ações imediatas para "evitar um desastre" e criticou a postura da empresa: "A mineradora leva milhões daqui de Craíbas, então pode perfeitamente indenizar os prejudicados - são menos de 15 casas afetadas. Não há justificativa para protelar soluções".

O líder do Governo, deputado Silvio Camelo, comprometeu-se com uma ação conjunta diante dos "graves e sérios problemas apresentados nesta audiência, que não começaram agora". O parlamentar anunciou que irá solicitar relatórios à Vale Verde e à Assembleia Legislativa, junto com a Câmara e Prefeitura de Craíbas, além do Ministério Público e agências. Finalizou afirmando que é preciso respeitar a população acima de tudo.

Fernando Pereira ponderou sobre o equilíbrio entre desenvolvimento e impactos: "Todos querem uma solução, mas não que a mineradora saia de Craíbas, pois ela gera emprego e renda. Temos órgãos competentes para fiscalizar e tornar a atividade viável". Já Ricardo Nezinho, relatando as evidências, listou os problemas: "Casas interditadas, água ficando salgada, poluição sonora, poeira. A extração de minério é degradação por natureza". E defendeu vigilância constante: "A mineradora explora de forma vigorosa e precisamos saber como isso está sendo feito. Um dia ela vai sair, e precisa deixar saudades, não efeitos colaterais", declarou

Craíbas

Um dos moradores presentes à audiência afirmou que, após quatro anos de exploração, a região tornou-se inabitável. "Todos os estudos feitos pela Defesa Civil e pelo Serviço Geológico do Brasil já indicam: quanto mais próximas as explosões, maior a incidência de rachaduras. Permanecer ali não tem mais condições. Queremos relocação e indenização justa", disse. Outra moradora falou que há um ano a Defesa Civil interditou sua casa, mas ela não tem para onde ir.

Segundo os moradores, a atuação da mineradora tem provocado uma série de problemas, como rachaduras em imóveis, tremores de terra, excesso de poeira, barulho constante, explosões fora dos horários combinados, risco de contaminação de rios e prejuízos à agricultura e à saúde.

Ascom ALE