Política
Promotoria de Passo de Camarabibe ajuiza ação contra prefeita Márcia Coutinho
21/10/2015
Os serviços não fornecidos e o valor do prejuízo
Segundo as investigações do Ministério Público, a Prefeitura também aceitava que a JB Locação de Veículos LTDA não respeitasse as regras do contrato no tocante a quantidade de veículos que deveriam trabalhar para o Município. “É importante notar que o superfaturamento não se revela apenas através da superelevação dos preços. O ilícito é ainda praticado através do pagamento por serviços que não são ofertados pela empresa locadora. Nesse ponto, vale lembrar que, de acordo com o contrato celebrado entre o Município e JB, a empresa deveria fornecer não só os veículos alugados, mas também motoristas, combustível e manutenção. Entretanto, pelas informações repassadas pela própria Prefeitura, diversos carros alugados não possuem qualquer condutor e outros tantos são dirigidos por servidores municipais. Até mesmo secretários foram arrolados como motoristas. É o caso de Jannayna de Hollanda Malta Gaia (secretária de Educação e motorista do veículo de placas ORL-5365), José Jair dos Santos (secretário de Administração e condutor do veículo ORL-9215) e de Erivan Inácio dos Santos (chefe de gabinete e motorista do veículo de placas NMC-9804). A existência de servidores-motoristas e de veículos sem indicação de condutor revela que a JB não oferece todos os serviços pelos quais é remunerada, o que também importa em superfaturamento. E, como se já não bastasse a ausência desses profissionais, a empresa também deixou de oferecer muitos dos automóveis que lhe foram locados. Com efeito, embora conste do contrato o aluguel de ambulâncias e máquinas pesadas (retroescavadeira e pá- carregadeira), não há na relação quaisquer desses veículos, o que demonstra que o Município vem pagando por serviços que nunca lhe foram fornecidos”, revela outro parágrafo da ação por ato de improbidade administrativa. Para o promotor, após calcular os anos do contrato firmado entre Poder Executivo e JB Locação de Veículos LTDA, o dano ao erário é estimado em R$5.438.512,94. “Esse valor foi calculado a partir do valor global do contrato e do percentual de superfaturamento sobre cada veículo que, anteriormente, prestava serviços ao Município”, detalha a ação. Além da prefeita Márcia Coutinho Nogueira de Albuquerque, são alvos da ação do MPE/AL Renato Brandão Araújo Filho e Kitéria Blanche Nascimento Alves, donos da JB Locação de Veículos Ltda; e Paulo Victor Coutinho Nogueira de Albuquerque, filho da gestora de Passo de Camarabige. As empresas JB, Auto Posto Ouro Preto Ltda e P. A. Construções de Imóveis Ltda também estão sendo processadas. As duas últimas são de propriedade da família de Márcia. De acordo com a Promotoria de Passo, a prefeita, para tentar despistar os órgãos fiscalizadores e de controle, não tem bens registrados em seu nome e os coloca nos nomes dos filhos.Pedido de afastamento e de indisponibilidade de bens
O promotor Vinícius Calheiros pediu ao Juízo de Passo de Camarabibe o afastamento de Márcia Coutinho da função pelo menos enquanto durarem as investigações e o trâmite da ação. “No caso dos autos, trata-se de esquema de improbidade em plena execução, de forma que o afastamento da gestora se faz necessário não só em vias de interromper a prática dos atos como também de obstar que a demandada forje contraprovas, ameace testemunhas ou pratique toda sorte de atos a fim de elidir o objeto. Destarte, com base na robusta prova documental carreada aos autos e a indiscutível necessidade de celeridade no provimento jurisdicional requerido, em vistas a evitar a ocorrência de prejuízo a instrução probatória do feito, bem como a dilapidação do patrimônio público municipal, faz-se necessário, com fundamento no art. 20, parágrafo único, da Lei nº. 8.429/92, o imediato afastamento do cargo público dos agentes públicos demandados”, foi o que requereu o MPE/AL. A Promotoria de Justiça também entende que, nos autos da ação, há “indícios veementes, senão provas cabais” de que os contratos mantidos pelo município com a JB foram superfaturados, o que comprova a prática de ato de improbidade e, claro, prejuízo ao erário, portanto, ela também pediu a indisponibilização dos bens dos demandados. Além disso, solicitou ainda a quebra dos sigilos fiscais de todos os envolvidos nos atos ilícitos.Últimas notícias
1