Política

Audiência debate problemas e saídas para assistência a doenças crônicas

17/09/2015
A Comissão de Higiene, Saúde Pública e Bem Estar Social da Câmara Municipal de Maceió realizou na manhã desta quinta-feira (17) uma audiência pública para discutir a estrutura e a assistência de atendimento às doenças crônico-degenerativas e cardiovasculares na rede pública da capital. Proposta pela presidente da comissão, vereadora Heloisa Helena (PSOL), a sessão reuniu técnicos da Secretaria Municipal de Saúde, autoridades médicas e usuários. A audiência foi aberta com uma apresentação da coordenação de doenças crônicas da Secretaria Municipal de Saúde, que engloba obesidade, câncer, fibromialgia, doenças do aparelho respiratório e tem como carro-chefe o diabetes e a hipertensão. “A dificuldade hoje é em quantificar os pacientes diabéticos e hipertensos em Maceió. Não temos mais esse controle. Mas teremos uma ficha que a partir de agora vai englobar todas essas doenças”, disse a representante da coordenação, Monique Matos. Ela citou como um grande ganho recente a criação do núcleo dos pacientes de oncologia. O núcleo funciona no PAM Salgadinho e serve para agilizar os exames necessários para que as pessoas não precisem esperar tanto. Por outro lado, Monique afirmou que falta um centro de referência do diabetes e que o maior desafio hoje da rede de atendimento é diminuir a mortalidade precoce. “Nosso maior problema é a morte precoce, com menos de 70 anos. Estamos trabalhando para ter menos mortes nessa faixa etária por esse tipo de doenças crônicas. A fibromialgia, por exemplo, é uma doença que está crescendo em Maceió e estamos desenvolvendo uma atenção especial para esse grupo”, disse Monique. A vereadora Heloísa Helena (PSOL) questionou quais os principais problemas da coordenação. A técnica voltou a falar da dificuldade em registrar os pacientes diabéticos e hipertensos e de problemas para que o paciente inicie o tratamento nos hospitais. Durante sua fala, a técnica da coordenação de doenças e agravos não transmissíveis da Secretaria Municipal de Saúde, Carla Quintella, apresentou informações sobre o perfil epidemiológico das doenças do aparelho circulatório na capital. “A principal causa de mortalidade prematura, antes dos 69 anos, 85% são decorrentes dessas doenças, seguidas de câncer e do diabetes. Além disso, 43% delas envolvem infarto agudo do miocárdio, seguido por Acidente Vascular Cerebral. Daí a importância de termos uma boa rede de urgência e emergência”, relatou. Ela mostrou também que a mortalidade prematura por doenças do aparelho circulatório vem crescendo em Maceió. Os fatores de risco são a hereditariedade e comportamentais, hábitos de vida, como tabagismo, sedentarismo, alimentação inadequada, entre outros. Temos a necessidade de reduzir essa mortalidade por doenças crônicas a 2%. “Nesse sentido, estamos fazendo um plano de enfrentamento, que aborda as quatro principais doenças e suas causas, monitoramento desses pacientes e ações de combate”, observa. O neurologista Rui Costa, proprietário de uma clínica de diagnóstico, falou sobre câncer. A capital está muito distante na atenção a essa doença. Nosso estado é pobre, é necessário otimizar os recursos. “Alagoas deve ter esse ano mais de 8 mil novos casos de câncer, segundo o INCA. Tratamos cerca de dois mil casos no ano passado, ou seja, nem a metade. Essa situação não é nem um pouco cômoda”, criticou o médico. Essas dificuldades citadas pelo neurologista foram também apontadas pela representante do Núcleo de Apoio aos Pacientes de Oncologia da secretaria, Marília Santos Moraes. “Há uma fila de espera inaceitável para conseguir leitos para esses pacientes. É uma oferta muito baixa dos prestadores”, afirmou. A vereadora Heloisa Helena lembrou que uma lei aprovada pela Câmara Municipal de Maceió estabelece o tempo de espera para as pessoas com câncer, mas que isso não tem sido cumprido. Para o vereador Luiz Carlos Santana (DEM), é inadmissível situações como as citadas durante a audiência. “Maceió tem hoje 200 usuários esperando uma bolsa de colostomia. O pior é que recursos para fazer a compra existem, mas se esbarra nas licitações. É desumano ficar um ano esperando uma bolsa de colostomia. Esse tipo de coisa explica os motivos da avalanche de ações judiciais”, observou. O presidente da Câmara de Maceió, Kelmann Vieira (PMDB), ressaltou a importância da realização dessa série de audiências públicas pela Comissão de Saúde. “Essas sessões vão servir para traçarmos um raio-x da real situação da saúde na nossa cidade. Essa é uma área extremamente delicada e para onde se dirigem a maior parte das críticas e dos pedidos da população. Momentos como este são muito importantes para que se possa formular sugestões e cobrar ações de melhoria no atendimento. Quero parabenizar a vereadora Heloisa Helena pelos debates técnicos e produtivos que vêm acontecendo nas audiências dessa comissão”, afirmou.