Política

Audiência discute tratamento de doenças negligenciadas

10/09/2015
A Comissão Permanente de Higiene, Saúde Pública e Bem-Estar Social da Câmara, presidida pela vereadora Heloísa Helena (PSOL), realizou nesta quinta-feira (10) audiência pública sobre o tratamento do poder público direcionado às doenças negligenciadas em Maceió. Dengue, zika, hanseníase, Aids e tuberculose são exemplos de enfermidades que estão nesta categoria, com risco de infestação e de sequelas graves aos pacientes caso o combate não seja permanente e o diagnóstico ocorra com demora. O coordenador do programa DST/AIDs da Secretaria Municipal de Saúde, Samuel Delane, apresentou estatísticas que mostram que o número de casos de Aids aumentou na população feminina e passou a ser mais recorrente entre os casais heterossexuais do que entre os homossexuais, como ocorria na década de 1980, quando foi registrada uma epidemia da doença no Brasil. Coordenadora de Vigilância em Saúde do município, Cecília Guimarães Lopes explicou que as condições ambientais favorecem a infestação do mosquito causador da dengue. Segundo ela, em 2015, foram notificados 3.195 casos da doença na capital. A gestora considera um avanço a elaboração semanal de boletins pela prefeitura que contabilizam novos casos identificados na cidade. Segundo ela, em 57 unidades de saúde de Maceió há programas que tratam o paciente de tuberculose e disse que a meta é curar 85% dos casos por ano. O infectologista Celso Tavares, ex-coordenador de Vigilância em Saúde de Maceió, cobrou na tribuna um plano de Estado para lidar com as doenças negligenciadas, com articulação entre municípios e governo estadual. Segundo ele, faltam condições para que os servidores que querem trabalham produzam com potencialidade. “Precisamos afastar os servidores que não querem trabalhar e dotar de melhores condições aqueles que se dedicam à população”. O médico explicou que a falta de compromisso do poder público ao longo de várias gestões tornou precárias as relações de trabalho que não raro resultam na descontinuidade dos serviços oferecidos nos bairros e unidades de saúde. Celso Tavares alertou para a importância do diagnóstico precoce de doenças como dengue e zika, para evitar deformações que coloquem os pacientes em situação de invalidez, inclusive econômica. “A falta de atenção do poder público acarreta um impacto enorme na previdência social”, ressaltou. Facultada a palavra entre a plateia, a técnica em hanseníase da Secretaria Municipal de Saúde, Quitéria Barbosa, criticou profissionais do município, lotados nas unidades básicas, que se negam a atender os pacientes com suspeita da doença, com a atenção necessária. “Muitos preferem dar apenas o remédio e não acompanhar o tratamento que dura seis meses, podendo chegar a um ano. As pessoas com hanseníase sofrem muito preconceito até de quem trabalha com saúde; são estigmatizadas e acabam segregadas no meio social”, explicou. Membro da Comissão Permanente de Higiene, Saúde Pública e Bem-Estar Social, o vereador Luiz Carlos (DEM) ouviu atento os pronunciamentos na tribuna e, no momento das considerações finais, disse que a audiência foi instrutiva. “Debates como estes sevem também para informar a população como trabalham as equipes de saúde”. A vereadora Heloísa Helena, antes de encerrar o encontro, explicou que as explanações irão auxiliar os parlamentares na propositura de emendas ao orçamento da prefeitura, para que investimentos na melhoria dos serviços possam estar previstas para 2016. No próximo dia 15, a Comissão Permanente de Higiene, Saúde Pública e Bem-Estar Social dará sequência à sua agenda de audiências públicas, com debate sobre a Rede Cegonha de Maceió. Confira abaixo os próximos encontros: 17 de setembro: Doenças crônico-degenerativas e cardiovasculares (oncologia, doenças cardíacas, etc.) 22 de setembro: Acessibilidade 23 de setembro: Reforma das unidades (UPA’s, PAM Salgadinho) 29 de setembro: Violência contra a juventude e alternativas para superação dos problemas 1º de outubro: Perfil da enfermagem em Alagoas 6 de outubro: Atenção à saúde animal – Centro de Zoonoses 07 de outubro: Prestação de contas da Secretaria Municipal de Saúde.