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Dicas para uma redação nota mil: chave para o sucesso é a disciplina em Língua Portuguesa
Nos vestibulares mais concorridos do país, a prova de redação frequentemente possui um peso elevado na nota final, chegando a valer 50% da pontuação total do primeiro dia da aplicação. Em outros, a nota alta na produção textual atua como um fator de desempate decisivo. Já no Enem, que na última edição contou com 4,3 milhões de inscritos, a média nacional subiu ligeiramente; no entanto o cobiçado 1.000 foi conquistado por apenas 12 candidatos. Mas o que realmente diferencia os estudantes que alcançam a excelência?
Segundo Thais Rosa Viveiros e Jorge Viana de Moraes, professores de Língua Portuguesa do Colégio Visconde de Porto Seguro (SP), a chave para uma redação de excelência está diretamente ligada ao domínio da própria disciplina. “Uma redação nota mil nunca é fruto apenas de técnicas, muito menos de fórmulas prontas”, afirmam. “Ela resulta de um processo, acessível por meio da literatura, bem como de outras fontes de informação, como jornais e revistas, da escuta ativa durante as aulas, ou mesmo da audiência atenta de um podcast de notícias ou de um bom filme ou série de TV, por exemplo. Essas são as ações que permitem a emergência de uma capacidade de leitura crítica do mundo que, quando transposta ao texto, o elevam à excelência”, explica Thais.
Para eles, a redação é o reflexo da competência comunicativa do estudante. Não se trata apenas de escrever bem, mas de pensar de forma estruturada e argumentativa. “Um texto coeso e coerente, macroestruturalmente, com início, meio e fim bem definidos, demonstra que o aluno é capaz de articular informações, conectar ideias e defender um ponto de vista com argumentos consistentes”, acrescenta Jorge. Mas não é só: “Também é necessário pensar na chamada microestrutura textual”.
Por exemplo, de acordo com o professor Jorge, “no parágrafo de introdução, é preciso que o candidato construa uma boa abordagem do tema, apresente a tese, de forma clara e objetiva, e proceda à antecipação argumentativa (que é, basicamente, o resumo do que será abordado ao longo dos desenvolvimentos 1 e 2 do texto), reservando, é claro, um período para cada um desses itens”.
“Já nos dois parágrafos de desenvolvimento”, continua o professor, “o candidato precisa observar os seguintes pontos microestruturais do texto: abrir o parágrafo com um tópico frasal (que é o resumo da linha argumentativa daquele parágrafo), apresentar a fundamentação dessa linha argumentativa, depois, proceder ao aprofundamento argumentativo, que se faz mediante o raciocínio lógico e o exemplo concreto, os quais servem tanto para conduzir a argumentação como para ilustrar o argumento, e, finalmente, passar ao fechamento do parágrafo com a chamada reflexão crítica, religando, assim, o argumento à tese. Sem essa reflexão, o argumento ficará solto, isto é, desvinculado do argumento principal, proposto no início do texto.”
Edições anteriores x atualidade
Esse rigor na construção do texto, fundamental para as notas máximas, igualmente valoriza a capacidade do estudante de ir além da memorização e demonstrar proficiência na Língua Portuguesa.
Os educadores lembram, ainda, que os temas de redação costumam dialogar com questões sociais contemporâneas. Em 2024, por exemplo, o tema foi “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”, assunto que exige leitura de mundo e reflexão crítica. “Quando leio redações avaliadas com nota mil, percebo que o autor fugiu da reprodução de modelos preestabelecidos; em vez disso, construiu um projeto de texto coeso e coerente, adequado ao gênero e ao tema propostos, em que o encadeamento das ideias demonstrou um repertório sociocultural próprio, produtivo e legitimado, apresentado com clareza na defesa de uma tese estabelecida”, conclui Thais.
A seguir, os professores destacam 10 passos fundamentais para quem busca o desempenho máximo, tanto no Enem quanto nos vestibulares:
1. Compreenda a estrutura exigida: Introdução com contextualização do tema, desenvolvimento com dois ou três parágrafos de argumentação consistente e conclusão com proposta de intervenção que respeite os direitos humanos.
2. Leia com atenção a proposta e os textos motivadores: O Inep avalia se o candidato se mantém dentro do tema; fugir do foco leva à nota zero.
3. Construa repertório sociocultural pertinente, legitimado e produtivo: Apoie-se em dados de fontes confiáveis, áreas do saber relevantes, referências literárias e análises de especialistas. “O que diferencia uma redação de excelência é a capacidade de dialogar com o conhecimento produzido”, observa Jorge Viana.
4. Planeje antes de escrever: Rascunhe ideias e organize a sequência de argumentos; isso evita contradições e repetições.
5. Domine a norma culta: Erros de gramática e ortografia comprometem a nota em Competência 1, que avalia o uso da língua.
6. Garanta coesão e coerência: Use conectivos e operadores argumentativos adequados e mantenha progressão lógica entre os parágrafos; também é necessário que seja feita a coesão interna ao parágrafo, com a correta conexão entre os períodos.
7. Varie os recursos de linguagem: Vocabulário preciso e figuras de linguagem, como comparações e analogias, se somados a outros elementos comprobatórios das afirmações feitas, tornam o texto mais expressivo.
8. Apresente proposta de intervenção detalhada: A Competência 5 exige agente, ação, modo e efeitos positivos para a sociedade, bem como o detalhamento de um dos elementos anteriores. “A proposta mostra como o estudante pensa soluções para problemas sociais e temáticas complexas”, reforça o professor.
9. Revise o texto com olhar crítico: Releia o texto, corte repetições e verifique clareza, ortografia e pontuação.
10. Treine com temas de edições anteriores: Compare com redações nota mil para compreender os critérios de excelência e ganhar segurança. Mas lembre-se: encontre um modo de dizer que não seja mera reprodução de modelos preestabelecidos. Os “repertórios de bolso”, mas sem pertinência ao tema, são condenáveis e estão cada vez mais na mira da banca de correção. Contextualize temas, dados e acontecimentos que façam sentido com o tema central.
Sobre o Colégio Visconde de Porto Seguro
Fundado em 1878, o Colégio Visconde de Porto Seguro é uma conceituada instituição de ensino do Brasil, com campi em São Paulo e Valinhos, que prima pela inovação educacional e pelo desenvolvimento de múltiplos talentos e competências dos alunos da Educação Infantil ao Ensino Médio, tanto no Currículo Internacional como no Currículo Bilíngue. Comprometido com uma ampla e sólida formação pluricultural e plurilinguística, conquistou diversas certificações internacionais, como o selo de Exzellente Deutsche Auslandsschule, do governo alemão, que qualifica o Porto como uma escola alemã de excelência no exterior; a da Fundação Alemã Casa do Pequeno Cientista e a da Rede de Escolas Associadas da Unesco. Em 2022, passou a ser reconhecido como uma Escola Internacional, conforme o termo de acordo internacional com o governo da Alemanha.