O bairro do Jaraguá foi palco de um encontro que marcou o início da construção coletiva da Artnor, feira tradicional consolidada como o maior evento de artesanato do estado. Realizada pelo Sebrae Alagoas no Theatro Homerinho, a reunião uniu empresários e empreendedores dos setores de bares, restaurantes, casas de shows e espaços culturais, com o objetivo de ouvir demandas e alinhar a participação do ecossistema local na feira.

Prevista para os dias 19, 20 e 21 de março de 2026, no Espaço Armazém, a Artnor reunirá cerca de 70 expositores e pretende ir além da exposição de artesanato. A ideia é transformar o Jaraguá em um grande palco cultural e gastronômico, integrando a comunidade e reforçando o papel do bairro como símbolo da memória e da identidade de Maceió.

Segundo a analista do Sebrae e responsável pela Artnor, Marina Gatto, a proposta é garantir que a feira seja construída em conjunto com os empreendedores do território. “Queremos que a Artnor seja um impulso para movimentar o bairro como um todo, de forma colaborativa, respeitando sua história e valorizando sua cena cultural e empreendedora”, destacou.

Durante a escuta, os participantes levantaram pontos cruciais para a realização do evento, como questões estruturais de mobilidade, saneamento, manutenção das ruas e acessibilidade. A Rua Sá e Albuquerque, principal rua do Jaraguá e endereço do Espaço Armazém, foi tema de debate, já que será estratégica para a circulação do público durante os dias da feira.

Para o diretor técnico do Sebrae Alagoas, Keylle Lima, a nova edição reforça esse legado com um olhar de futuro: “De forma alguma poderíamos realizar um evento do porte da Artnor sem ouvir os empreendedores que já fazem o Jaraguá pulsar todos os dias. Chegamos a esta reunião para convidar à construção conjunta de um grande evento”, reforçou Keylle.

Para a atriz e proprietária do Theatro Homerinho, Ivana Iza, anfitriã do encontro, a chegada da Artnor representa oportunidade de crescimento, mas também exige responsabilidade.

“O Jaraguá tem uma cena cultural viva e, em grande parte, liderada por mulheres empreendedoras. É importante termos condições adequadas para receber o público, além de pensar na preservação do patrimônio. Só assim poderemos mostrar o bairro em sua verdadeira potência”, reforçou.

A mobilidade no Jaraguá também entrou na pauta da reunião, especialmente em relação à Rua Sá e Albuquerque, via central do bairro. O empresário do ramo gastronômico, Thiago Brandão destacou:

“A Rua Sá e Albuquerque é o coração do Jaraguá, e nós estamos nesse bairro todos os dias, lutando pelo seu ressurgimento. Por isso, essa iniciativa do Sebrae de ouvir quem está na ponta é muito positiva. Com planejamento no fechamento da rua a chance de êxito do evento será muito maior.”

Até março de 2026, novas rodadas de escuta e diálogo devem acontecer, reafirmando o compromisso do Sebrae com a construção de um evento colaborativo, capaz de fortalecer a economia criativa e projetar o artesanato alagoano para além das fronteiras do Estado.

Tradição Artnor

Criada no final da década de 1980, a Artnor se consolidou como uma das principais feiras de artesanato do Nordeste, chegando a reunir cerca de 500 expositores e atrair mais de 100 mil visitantes em edições anteriores, como a realizada em 2010, no Centro Cultural Ruth Cardoso, no Jaraguá. O evento inspirou outros formatos semelhantes no país, como a Fenearte, em Pernambuco, e se tornou um marco para a valorização do artesanato alagoano e da cultura popular. Após um hiato de mais de uma década, a feira foi retomada em 2024, reunindo 60 artesãos e reafirmando sua relevância histórica e econômica para o Estado.

Fonte: Assessoria