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Lançamento da 11ª Bienal reúne homenageados, autoridades e promove celebração

18/08/2025
Lançamento da 11ª Bienal reúne homenageados, autoridades e promove celebração
Fotos: Eraldo Ferraz, coordenador-geral da 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, no café de lançamento do evento

O tradicional café de lançamento da Bienal Internacional do Livro de Alagoas, na última sexta-feira (15), foi o ponto de partida da programação da 11ª edição do maior evento cultural e literário do estado. O evento, realizado pela Universidade Federal de Alagoas e pelo governo estadual, foi prestigiado por várias autoridades e instituições parceiras, além dos homenageados, a imprensa e membros da comunidade acadêmica. Todos unidos para reafirmar o compromisso coletivo de fortalecer a produção e a difusão do livro em Alagoas.

Como em todas as edições, a 11ª Bienal se debruça sobre um tema de relevância nacional. Desta vez, o escolhido foi Brasil e África: ligados culturalmente em seus ritos e raízes, celebrando seis países africanos: Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Angola, São Tomé e Príncipe e Cabo Verde. Uma forma de celebrar a vida e a história daqueles que ajudaram a construir a história do Brasil.

O reitor da Ufal, Josealdo Tonholo, em seu discurso, destacou o papel fundamental desse evento para trazer reflexões necessárias à sociedade. “A Bienal traz à tona a reflexão sobre como a cultura brasileira se desenvolveu marcada pela escravidão. É preciso conhecer essa história em detalhes para pensar uma reparação real e, sobretudo, para enxergar um futuro de convivência plena em nossa diversidade. Sem conhecimento, não há transformação”, afirmou o reitor.

O gestor aproveitou para contar suas expectativas e objetivos com mais uma edição do evento. “Minha expectativa é que seja a maior e a melhor Bienal de todos os tempos. E que a próxima seja ainda melhor, porque não admitimos nada que não seja superior ao que já fizemos. A cada edição, buscamos excelência e ampliamos a participação, especialmente dos estudantes do fundamental, médio e das universidades. Esse é o sentido: elevar essa juventude e mostrar a importância da leitura, do conhecimento e da educação como elementos de transformação”, concluiu.

E no que depender da organização, estas expectativas serão supridas. Na ocasião foi destacada a movimentação que acontecerá durante os dez dias de evento, de 31 de outubro a 9 de novembro, no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, em Jaraguá. A expectativa é a geração de 1.200 empregos temporários, com movimentação de mais de R$ 10 milhões em vendas, 800 novas publicações, mais de 300 atividades literárias e artístico-culturais e 140 estandes de livros. Além de uma seleta lista de homenageados que foram selecionados especialmente por suas trajetórias ligadas ao tema central desta edição.

História e legado

Na cerimônia, o curador da Bienal e diretor da Editora da Ufal, Eraldo Ferraz, ressaltou o orgulho da Universidade em estar à frente do projeto há mais de duas décadas. “É muita responsabilidade, mas também um orgulho imenso. A Bienal é resultado de trabalho árduo, de muitas parcerias e da confiança que várias instituições têm depositado na Ufal e na Edufal. Esse evento só acontece graças ao trabalho coletivo de todos que se empenham para que o lançamento seja possível. E eu faço questão de destacar que a Bienal é da Universidade; O importante é que o nome da Ufal esteja no estado de Alagoas e também no cenário internacional”, revelou Ferraz.

A Bienal já entrou no calendário de eventos que a sociedade alagoana espera ansiosamente a cada edição. Diversos nomes da literatura do estado já foram revelados ao longo da sua trajetória e, neste ano, não será diferente.

O deputado federal Paulo Fernandes do Santos, o Paulão, é um dos grandes parceiros da Ufal e, ao longo dos anos, tem apoiado com aporte financeiro vários eventos da Universidade. Em sua fala, ele reforçou que o empenho para que o evento seja realizado fielmente em cada edição é para que o espaço de valorização ao que é produzido em Alagoas não seja interrompido.

“A Bienal já extrapolou Alagoas. Hoje é um projeto de caráter nacional e internacional. É um espaço que valoriza a educação em todos os níveis, seja da educação infantil e livros para crianças até a produção acadêmica de pós-doutorado. A educação é uma política pública estruturante. Por isso, todos os anos apresento emendas para apoiar a Bienal. Acredito nesse projeto e no papel transformador que ele tem para a sociedade”, comemorou o parlamentar.

Também estiveram presentes à solenidade ex-diretores da Edufal e ex-coordenadores de edições passadas da Bienal. A professora Sheila Maluf, que esteve à frente de algumas edições da Bienal do Livro em Alagoas, reforçou o orgulho em saber que, mesmo após 20 anos, o evento ainda é esperança para um futuro promissor.

“Fiz parte de cinco edições, 2005, 2007, 2009, 2011 e 2023, e eu fico muito, muito feliz porque isso é um legado, é muito importante, quer dizer, tem uma semente em 2005 e ela foi bem plantada porque, agora, oprofessor Eraldo e todos outros que vieram, estão conseguindo manter. É muito, muito feliz estar aqui”, contou.

Celebrando existências

Na ocasião também foram revelados os nomes que receberão as homenagens durante os dias de evento, um reconhecimento aos costumes de matrizes africanas em todo país. Representando os homenageados esteve o professor da Ufal, Vagner Gomez Bijagó. Ele que é natural de Guiné-Bissau, um dos países celebrados no evento, e é mestre em Sociologia também pela Ufal. Será destaque em razão de sua caminhada acadêmica, política e pessoal, pautada pela defesa antirracista, pela dedicação à educação e defesa conhecimentos africanos no Brasil.

“Estou aqui emocionado de poder estar aqui homenageando a mãe África. Se retirarmos a cultura africana do Brasil, o Brasil se tornaria irreconhecível. Exatamente: não seria o Brasil”, disse o professor em sua fala durante o café de lançamento. Ele contou um pouco sobre sua chegada ao Brasil, em 2003, e relembra como dificilmente havia representantes da população negra brasileira nas áreas acadêmicas e que a Ufal foi uma das primeiras universidades do país a investir em políticas afirmativas que possibilitaram a entrada de negros brasileiros na intuição.

“Esses estudantes diziam para nós: ‘Começamos a ter orgulho de nós mesmos quando conhecemos vocês africanos’. Eles perceberam que a África não é apenas miséria ou guerra civil, mas também história, ciência, tecnologia, matemática, física, química. Infelizmente, a visão eurocêntrica tentou desqualificar os africanos, dizendo que não tínhamos história ou cultura, para legitimar a colonização. Mas esse momento da Bienal, ao homenagear a África, é um ato de religar, de afirmar: a África é viva, potente, ciência e cultura”, reforçou o professor.

Além dos homenageados, o evento contará com a benção de três grandes difusores das religiões de matrizes africanas em Alagoas. Mãe Myrian, é a madrinha do evento, Pai Célio, o padrinho, e a grande patronesse, Mãe Neide Oyá d’Oxum. Ela aproveitou a oportunidade para exaltar e reafirmar a relevância do tema principal da Bienal nesta edição.

“Eu vejo como um reencontro de almas. África e Brasil. É também um resgate cultural para Alagoas, essa terra tão sofrida, marcada pelo Quebra de 1912 e pelo extermínio do Quilombo dos Palmares. A hora é essa: revisitar nossa história, curar nossas feridas e valorizar nossa ancestralidade”, refletiu.

Mãe Neide também se emocionou ao falar do título de patronesse que orgulhosamente, agora, carrega consigo. “É uma honraria tão grande que eu nem sei como agradecer. Acordo pensando: “Isso é verdade mesmo?”. Eu sinto que foram meus ancestrais que me colocaram nesse lugar hoje. Então é gratidão, é emoção. Não sou só eu, Mãe Miriam, que estou aqui, estão comigo todos que vieram antes de mim, todos os que abriram caminho e que me guiam com seus ensinamentos todos os dias”, contou.

Encerrando a ação, o reitor da Ufal aproveitou para agradecer a todos que viabilizaram a realização de mais uma edição da Bienal. “A Bienal é construída com convergência e muito trabalho, conversada anos antes e consolidada no dia a dia. Mesmo com dificuldades, não jogamos a toalha. Somos brasileiros, alagoanos, resistentes. Agradeço a todos pelo esforço e peço que possamos estar guiados pela sabedoria da nossa cultura, pelos nossos orixás, para que essa Bienal seja realmente transformadora para Alagoas”, finalizou.

Sobre a Bienal

A 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas será realizada entre os dias 31 de outubro e 9 de novembro, no Centro de Convenções de Maceió. O evento se destaca por ser o único do segmento realizado por uma universidade pública no Brasil.

Além da realização da Ufal e do Governo do estado, o evento também conta o patrocínio do Sebrae e apoio da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes). Com o apoio das secretarias de Estado da Cultura e Economia Criativa (Secult), do Turismo (Setur) e da Comunicação (Secom) de Alagoas. Além do patrocínio do Sebrae e apoio da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes).

Para acompanhar todas as novidades da 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas — atualizações da programação, nomes confirmados e outras informações importantes — basta acessar o site oficial25 bienal.ufal.br/20 e seguir o perfil @bienaldealagoas no Instagram, Threads e Facebook.

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Ascom Ufal