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Cenário brasileiro para um futuro sustentável é debatido em evento nacional

07/08/2025
Cenário brasileiro para um futuro sustentável é debatido em evento nacional
Fotos: Aluana Cortezini

O primeiro painel - Descarbonização como oportunidade estratégica para o Brasil - moderado por Gabriel Santamaria, gerente de sustentabilidade do Banco do Brasil, debateu os desafios da descarbonização e suas oportunidades para o país diante dos cenários econômicos e climáticos globais, especialmente em preparação para a COP30.

Em sua fala, Santamaria destacou que o Banco do Brasil já direciona R$ 400 bilhões de sua carteira total de crédito — avaliada em cerca de R$ 1,2 trilhão — para operações sustentáveis. “Estamos comprometidos com a criação de soluções financeiras que viabilizem a transição para uma economia mais verde e inclusiva”, afirmou.

O deputado Luiz Carlos Hauly (PODE-PR), membro da Frente Parlamentar Mista em Apoio ao Sistema Nacional de Fomento, defendeu que o país possui uma das matrizes produtivas mais diversificadas e sustentáveis do mundo. “Nosso produtor rural é um dos mais ambientalistas do planeta”, disse, mencionando a legislação ambiental brasileira e práticas como o manejo sustentável da água e do solo.

Já o presidente do Bandes, Marcelo Saintive, enfatizou a importância do planejamento estadual para viabilizar a transição climática. “Sem planejamento e diagnóstico claro, não conseguimos aplicar os recursos de forma eficiente”, afirmou, apresentando a experiência capixaba com o Plano de Descarbonização do Espírito Santo.

Paulo Simplício, da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD), compartilhou projetos realizados em parceria com bancos públicos brasileiros, como modernização energética e infraestrutura hídrica em municípios afetados por eventos extremos. Pedro Wongtschowski, presidente do Conselho Superior de Inovação e Competitividade da FIESP, encerrou destacando a urgência de uma política industrial verde e a ampliação do crédito com custo acessível, inclusive para pequenas e médias indústrias.

Moderado por Heraldo Neves, diretor do BRDE e segundo vice-presidente da ABDE, o segundo painel intitulado “Crédito para MPMEs como motor do desenvolvimento sustentável” concentrou-se no papel estratégico do crédito para o fortalecimento das micro, pequenas e médias empresas (MPMEs), que respondem por quase 30% do PIB e são responsáveis por boa parte dos empregos no Brasil.

Renato Corona, superintendente da FIESP, ressaltou o peso das pequenas e médias indústrias no tecido produtivo nacional e defendeu maior integração das MPMEs às cadeias produtivas por meio do acesso ao crédito e à inovação. “Ao todo,71,3% dos municípios têm apenas médias e pequenas indústrias”, afirmou.

Marcelo Porteiro, superintendente do BNDES, apresentou a estratégia do banco para o período de 2025 a 2029, que tem como um de seus pilares o fortalecimento das MPMEs. Segundo ele, o BNDES está presente em 5.320 municípios brasileiros, o que representa 93% do território nacional. “Em 2024, o banco aprovou R$ 173 bilhões em crédito e garantias por meio dessas parcerias, com 502 mil operações, sendo 357 mil apenas de crédito. Do total de crédito aprovado no ano, 79% foram destinados às micro, pequenas e médias empresas”, disse.


Sérgio Gusmão, do Finance in Common, completou o painel ressaltando a importância de instrumentos financeiros inclusivos, como os fundos garantidores e a ampliação de acesso às garantias, sobretudo para empreendedores de menor porte.

Cidades resilientes e financiamento climático foi o terceiro e último painel. A moderação ficou por conta de Gabriella Costa Ferreira, representante regional do Fundo Mundial para o Desenvolvimento das Cidades, que chamou atenção para o papel crítico das cidades frente às mudanças do clima. “O clima está mudando, e as pessoas estão se concentrando nos centros urbanos. A pergunta é: como vamos financiar essa adaptação?”, provocou.

Anderson Farias, prefeito de São José dos Campos e presidente da Comissão de Adaptação Urbana da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), compartilhou a experiência do município, que alcançou 99% de tratamento de esgoto. “Isso só foi possível com planejamento, foco e priorização de investimentos estruturantes”, afirmou.

Ricardo Brito, diretor-presidente da Desenvolve SP, destacou a necessidade de taxas de juros compatíveis com o desenvolvimento sustentável. “Estamos substituindo a lógica bancária tradicional por uma lógica de desenvolvimento, com taxas reais mais IPCA e incentivos a projetos com impacto socioambiental”, disse.

Bernardo Torres, da Caixa Econômica Federal, apresentou a atuação do banco em projetos de infraestrutura urbana, como iluminação pública, habitação social e saneamento, com destaque para os municípios de menor porte. Já Vanderley John, da FIESP, trouxe dados sobre o impacto crescente de eventos climáticos extremos e defendeu soluções urbanas adaptadas às realidades locais.

Caminhos para a COP30O Fórum também marcou o lançamento da 2ª edição do Anuário ABDE-PNUD e do estudo sobre financiamento da bioeconomia na Amazônia Legal, desenvolvido em parceria com a rede Uma Concertação pela Amazônia, a AFD e a Frankfurt School. Confira o estudo completo no site da ABDE.

Fonte: Assessoria