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Atenção, pais: criança que respira pela boca pode ter problema sério de saúde

07/08/2025
Atenção, pais: criança que respira pela boca pode ter problema sério de saúde
Fotos: Freepik

Se você já percebeu que seu filho, sobrinho ou alguma criança próxima respira mais pela boca do que pelo nariz, principalmente durante o sono, atenção: esse comportamento não é normal e pode esconder causas que afetam diretamente o crescimento e o desenvolvimento infantil. Nesses casos, a orientação é clara — é fundamental procurar um otorrinolaringologista para investigar.

“A respiração oral não é fisiológica. Isso significa que, quando a criança respira pela boca, algo está impedindo que a respiração nasal, que é a natural e saudável, aconteça de forma adequada. Essa condição pode provocar alterações no desenvolvimento da criança, afetando desde o sono até a estrutura facial”, explica a Dra. Kátia Virginia, otorrinolaringologista do HOPE – Hospital de Olhos de Pernambuco.

As principais causas da respiração bucal em crianças incluem rinite alérgica, hipertrofia das adenoides (aumento de tecidos localizados atrás do nariz), hipertrofia das amígdalas e desvio de septo nasal. E os sinais, segundo a especialista, são visíveis no dia a dia: “Dormir com a boca aberta, babar excessivamente à noite, roncar, fazer pausas na respiração durante o sono, apresentar sono agitado ou manter a boca constantemente aberta são alguns dos indícios. Também é comum que a criança tenha a voz fanhosa”, detalha a médica do HOPE.

O impacto da respiração bucal vai além do incômodo noturno. A falta de respiração nasal adequada pode comprometer o crescimento da face e da arcada dentária. “Sessenta por cento do crescimento craniofacial ocorre até os 4 anos de idade, e 90% até os 12 anos. Quando a criança respira pela boca, há aumento da resistência nasal, o que afeta diretamente esse processo. Isso pode resultar em alterações na estrutura do rosto, da dentição e também prejudicar o sono, o humor, o aprendizado, o comportamento e até o crescimento físico, o chamado crescimento pondoestatural”, reforça a Dra. Kátia.

Um dos quadros mais preocupantes é a Apneia Obstrutiva do Sono, que pode surgir nesses casos. Trata-se de uma condição em que a respiração é interrompida repetidamente durante o sono, prejudicando a oxigenação adequada. “Esse distúrbio pode reduzir a produção do hormônio do crescimento, que é liberado principalmente durante o sono profundo. Como consequência, pode haver impacto direto no desenvolvimento físico da criança. Além disso, diferentemente do adulto, que apresenta sonolência durante o dia, a criança com apneia pode manifestar sintomas como hiperatividade, agressividade, isolamento social e dificuldades de aprendizagem”, alerta Virginia.

Diante de tantos riscos, a atenção dos pais é essencial. “Se a criança está respirando pela boca com frequência, sem estar gripada, apresenta dificuldades escolares, alterações de comportamento, dificuldades de socialização ou de crescimento, é hora de procurar um otorrinolaringologista”, orienta a especialista do HOPE.

O diagnóstico começa com uma avaliação clínica detalhada. “Um dos exames mais utilizados é a nasolaringofibroscopia, procedimento realizado no consultório com uma fibra óptica flexível, que permite visualizar as vias aéreas de forma confortável e segura. Outros exames, como tomografia, testes alérgicos, polissonografia (estudo do sono), avaliação auditiva, ortodôntica e até neurológica ou psicopedagógica podem ser necessários, dependendo do caso”, comenta a Dra. Kátia.

O tratamento é sempre individualizado e pode envolver diversos profissionais. “A depender da causa da obstrução respiratória, o plano terapêutico pode incluir otorrinolaringologista, odontopediatra, ortodontista, fonoaudiólogo, alergologista, pneumologista e neurologista. É um cuidado conjunto, pois estamos lidando com uma fase crítica do desenvolvimento infantil”, afirma a otorrino do HOPE.

Por fim, a médica reforça a importância da observação em casa como forma de prevenção: “Observar como a criança respira enquanto brinca, dorme, se alimenta ou conversa pode ajudar a identificar o problema precocemente. E manter as vias nasais sempre limpas, com o uso de soro fisiológico ou medicações prescritas pelo médico, também contribui para a saúde respiratória”, finaliza a Dra. Kátia Virginia, otorrinolaringologista do HOPE – Hospital de Olhos de Pernambuco.

Fonte: Assessoria