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Atenção, pais: criança que respira pela boca pode ter problema sério de saúde

Se você já percebeu que seu filho, sobrinho ou alguma criança próxima respira mais pela boca do que pelo nariz, principalmente durante o sono, atenção: esse comportamento não é normal e pode esconder causas que afetam diretamente o crescimento e o desenvolvimento infantil. Nesses casos, a orientação é clara — é fundamental procurar um otorrinolaringologista para investigar.
“A respiração oral não é fisiológica. Isso significa que, quando a criança respira pela boca, algo está impedindo que a respiração nasal, que é a natural e saudável, aconteça de forma adequada. Essa condição pode provocar alterações no desenvolvimento da criança, afetando desde o sono até a estrutura facial”, explica a Dra. Kátia Virginia, otorrinolaringologista do HOPE – Hospital de Olhos de Pernambuco.
As principais causas da respiração bucal em crianças incluem rinite alérgica, hipertrofia das adenoides (aumento de tecidos localizados atrás do nariz), hipertrofia das amígdalas e desvio de septo nasal. E os sinais, segundo a especialista, são visíveis no dia a dia: “Dormir com a boca aberta, babar excessivamente à noite, roncar, fazer pausas na respiração durante o sono, apresentar sono agitado ou manter a boca constantemente aberta são alguns dos indícios. Também é comum que a criança tenha a voz fanhosa”, detalha a médica do HOPE.
O impacto da respiração bucal vai além do incômodo noturno. A falta de respiração nasal adequada pode comprometer o crescimento da face e da arcada dentária. “Sessenta por cento do crescimento craniofacial ocorre até os 4 anos de idade, e 90% até os 12 anos. Quando a criança respira pela boca, há aumento da resistência nasal, o que afeta diretamente esse processo. Isso pode resultar em alterações na estrutura do rosto, da dentição e também prejudicar o sono, o humor, o aprendizado, o comportamento e até o crescimento físico, o chamado crescimento pondoestatural”, reforça a Dra. Kátia.
Um dos quadros mais preocupantes é a Apneia Obstrutiva do Sono, que pode surgir nesses casos. Trata-se de uma condição em que a respiração é interrompida repetidamente durante o sono, prejudicando a oxigenação adequada. “Esse distúrbio pode reduzir a produção do hormônio do crescimento, que é liberado principalmente durante o sono profundo. Como consequência, pode haver impacto direto no desenvolvimento físico da criança. Além disso, diferentemente do adulto, que apresenta sonolência durante o dia, a criança com apneia pode manifestar sintomas como hiperatividade, agressividade, isolamento social e dificuldades de aprendizagem”, alerta Virginia.
Diante de tantos riscos, a atenção dos pais é essencial. “Se a criança está respirando pela boca com frequência, sem estar gripada, apresenta dificuldades escolares, alterações de comportamento, dificuldades de socialização ou de crescimento, é hora de procurar um otorrinolaringologista”, orienta a especialista do HOPE.
O diagnóstico começa com uma avaliação clínica detalhada. “Um dos exames mais utilizados é a nasolaringofibroscopia, procedimento realizado no consultório com uma fibra óptica flexível, que permite visualizar as vias aéreas de forma confortável e segura. Outros exames, como tomografia, testes alérgicos, polissonografia (estudo do sono), avaliação auditiva, ortodôntica e até neurológica ou psicopedagógica podem ser necessários, dependendo do caso”, comenta a Dra. Kátia.
O tratamento é sempre individualizado e pode envolver diversos profissionais. “A depender da causa da obstrução respiratória, o plano terapêutico pode incluir otorrinolaringologista, odontopediatra, ortodontista, fonoaudiólogo, alergologista, pneumologista e neurologista. É um cuidado conjunto, pois estamos lidando com uma fase crítica do desenvolvimento infantil”, afirma a otorrino do HOPE.
Por fim, a médica reforça a importância da observação em casa como forma de prevenção: “Observar como a criança respira enquanto brinca, dorme, se alimenta ou conversa pode ajudar a identificar o problema precocemente. E manter as vias nasais sempre limpas, com o uso de soro fisiológico ou medicações prescritas pelo médico, também contribui para a saúde respiratória”, finaliza a Dra. Kátia Virginia, otorrinolaringologista do HOPE – Hospital de Olhos de Pernambuco.
Fonte: Assessoria