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De graça na praça: 5ª Feira de Discos de Arapiraca amplia oferta de expositores e bandas

Cinco edições depois, a Feira de Discos de Arapiraca agora está ganhando proporções dignas do tamanho da cidade, a partir de seu reduto artístico e um público com interesse crescente por música e mídias físicas.
É que neste sábado (2), a partir das 12h (meio-dia), acontecerá a 5ª edição da Feira, desta vez no Mercado do Artesanato Margarida Gonçalves, no Centro. O evento é abertamente gratuito, com direcionamento a todos e todas que se interessem por cultura e um bom papo.
O evento está sendo organizado pela Attack Sonoro Produções e pela Júpiter Discos, mais uma vez.
Haverá mais de 20 expositores e apresentações musicais das bandas Projeção (Arapiraca), Mopho (Maceió), Papangu (João Pessoa), Podridão (Arujá-SP) e Velho (Duque de Caxias-RJ).
Já a discotecagem de vinil ficará por conta da DJ Déborah Ginga (Maceió), da DJ Fernanda Fassanaro (Maceió) e do DJ Arthur Luna (Maceió/Cariri-CE).
ROTATIVIDADE
Para Carlos Eduardo Silva, da Attack, a Feira funciona como um braço da Economia Circular no município, pois vários dos produtos são ‘usados’. Assim, a Capital do Agreste faz rodar — literalmente — os discos de vinil, esse item que tem voltado com força nos últimos anos.

“O sentimento é de realização por alcançarmos agora uma edição deste calibre, com expositores de Alagoas, Rio de Janeiro e João Pessoa e cinco bandas de alto nível. E tudo isso sendo gratuito, com uma programação multicultural, para todos os gostos. O foco é realmente entregar algo de qualidade e único para a população arapiraquense! Estamos muito satisfeitos e fica agora o desafio para a próxima edição superar esta, com Arapiraca cada vez mais entrando nos radares e rotas de grandes bandas e produtoras de todo o Brasil. Desta vez, contamos com a Política Nacional Aldir Blanc, a partir de edital municipal, e também com o apoio cultural de empresas da região que acreditam na potência que um movimento representa para a nossa cidade. É realmente algo no padrão que estávamos almejando. Então, fazemos o convite para todo mundo visitar e vivenciar a Feira neste sábado”, diz Carlos Eduardo, o Dudu.
Com discos a partir de R$ 5, haverá por lá também CDs, DVDs, livros, revistas especializadas, pôsteres, HQs, camisas, fitas cassetes, meias, bonés e muito mais elementos da cultura vintage.
Estarão presentes os expositores Radiola 3x1 (Arapiraca); Bolinho Discos (Arapiraca); Solar Discos (Maceió); DZ Discos (Arapiraca); Júpiter Discos (Arapiraca); Ginga Discos (Maceió); Escritos e Discos (Maceió); Nervura Distro (Maceió); Só Discos 2022 (Maceió); Rio Vintage Sound (Rio/Maceió); Oliver Discos (João Pessoa); Relivro (Arapiraca); Rei dos Livros (Maceió); Attack Sonoro (Arapiraca); Um Disco do Bom (Maceió); Sorte Discos (Maceió); Manoel Music (Feira Grande); A Kentinha (Arapiraca); Alex Mago CDs (Arapiraca); Joelhos de Velho (Maceió); e Zona Morta Discos (Arapiraca).
No local, também estarão as banquinhas das artistas visuais arapiraquenses Senhorita Mariposa (Lena Gonzaga) e Belladonna of Art (Jane Avril), que inclusive farão a Oficina de Pintura Livre para pessoas previamente inscritas via Instagram, na página oficial da Feira.
É importante salientar que este será um evento acessível para pessoas com deficiência (PCD), com rampas para cadeirantes, banheiros especiais, intérprete de Libras e sinalização em braille nas banquinhas.

VIRANDO O DISCO
Um dos expositores escalados é o arapiraquense Helder Pereira, da Bolinho Discos (@bolinhodiscos).
Ele está participando desse movimento desde a 1ª edição da Feira, que ocorreu na antiga Praça da Prefeitura, no Centro da cidade, sempre trazendo pérolas em suas caixas.
“A nossa loja online existe desde 2021, tendo nascido diante da necessidade de repassar à frente alguns vinis, sobretudo os repetidos em minha coleção. Hoje, atuo no ambiente virtual e disponho de um espaço improvisado para receber os clientes, mas vejo nessas feiras ao ar livre a oportunidade de mostrar boa parte do acervo da Bolinho Discos”, diz ele.
Ele acredita que ser arapiraquense é um pleonasmo para as coisas fluírem no caminho que merecem. As coisas simplesmente acontecem.
“Posso sair de Arapiraca, mas Arapiraca não sai de mim. As memórias roqueiras se aliam ao desenvolvimento da cidade, pois os espaços foram sendo criados. Lembro dos shows undergrounds iniciais, a exemplo dos da ‘Serraria do Vô do Bolinho’, e como o desenvolvimento do nosso município e de ambientes como a Praça Marques, Praça Ceci Cunha, Mercado do Artesanato e Praça Luiz Pereira Lima passaram a ser ocupados pela galera do Rock, ao longo do tempo. E a Feira de Discos de Arapiraca tem representado mais um capítulo do processo de desenvolvimento de espaços que fomentem a cultura em nossa cidade. A organização deste evento tem dinamizado esse processo, agregando atrações diversas — mais uma vez, o espírito agregador do vinil. Espero uma turma animada para conhecer mais bolachas, trocar ideias e enriquecer ainda mais a cena do vinil”, diz ele.
Helder começou a se interessar por esta mídia ainda na década de 1990, caçando raridades com os amigos nas lojas de discos.

“Diante de tempos tão corridos como hoje, o vinil proporciona a ‘apreciação da escassez’, o que nos possibilita lidar com o possível, no exato momento em que pode ser apreciado. E isso — associado à apreciação tátil, o cheiro, as cores e a memória — fundamenta a magia que a mídia digital não será capaz de alcançar”, pontua.
Desse modo, ele, que é também professor de Filosofia da rede pública e privada, acaba por virar, se tornar o próprio disco que oferece. O devir materializado, mixado e masterizado, sendo essa uma das suas razões de ser e estar onde está.
“Arapiraca é uma cidade tradicional nos costumes e roqueira no sentido mais revolucionário, pois fomenta que a turma crie estratégias para vencer o tédio, dentre elas a construção de espaços capazes de ocupar tais lugares. O retorno do vinil é parte desse processo”, reflete Helder.
Outros dois que também têm longa história com o “bolachão” é o casal que comanda a Ginga Discos, o Júlio Rosendo e a Déborah Rocha, que têm base na capital alagoana. Sempre que tem Feira, os dois vêm direto para Arapiraca.
“A Ginga começou há seis anos a partir de Déborah. A minha paixão pelo vinil nasceu da minha paixão, pelo meu amor por ela. Quando começamos a nossa história, Déborah já colecionava discos. Conheci esse universo por meio dela e passei a garimpar para ajudar na sua coleção. Essa relação com o garimpo e com a música foi o pontapé inicial. Foi ela quem materializou o conceito, o nome e as redes sociais da Ginga Discos. A ideia de vender vinis partiu, na verdade, de mim”, conta Júlio.

Além dessa prática, ele ainda atua em um restaurante árabe em Maceió, na parte de logística, e ela é nutricionista. Mas a música os levou a esse novo negócio juntos.
LADO B ÀS REDES
Para Júlio, a experiência direta com o formato físico e a ambiência criada pelo disco podem ser um contraponto à hiperaceleração que a nossa geração vem vivenciando — e pior: vem sendo atropelada. Não dá para acompanhar a velocidade 2.0x do scroll infinito.
O que dá para acompanhar é o giro do LP na vitrola, de forma singela e cadenciada em suas 33 rotações e 1/3. As nossas preces é que mais gente se interesse por essa desaceleração, pela retomada do espanto e da apreciação da música pela música.
“A mídia física, especialmente o vinil, vai na contramão desse vazio que as redes sociais nos impuseram. O vinil exige dedicação e, muitas vezes, um momento de pausa em meio ao caos. Pelo seu formato, ele te convida a escutar um álbum completo, a estar presente. Sua imponência física chama atenção para a capa, então você para, aprecia a arte, o material gráfico, lê as letras das músicas, os compositores, as dedicatórias, os músicos, todo o conceito por trás da obra. Isso vai preenchendo de significados e proporciona uma experiência genuína de consumo, o oposto do modelo atual. Nesse sentido, o vinil favorece uma apreciação muito mais profunda”, relata.

Segundo o dono da banquinha da Ginga (@gingadiscos), Arapiraca “se destaca pela organização dos eventos, que são sempre muito bem planejados. As feiras são agradáveis, o que atrai tanto o público do vinil, quanto pessoas interessadas em uma programação cultural diferenciada”.
Outro ponto essencial a ser frisado, ainda de acordo com Júlio, é que “o colecionismo está ligado ao sentimento de pertencimento. Como Arapiraca não tem muitos pontos físicos para compra de vinil, a Feira se torna um local ideal de encontro para os amantes dos discos”.
“É o momento de garimpar presencialmente, trocar ideias, celebrar o vinil. Isso gera muita expectativa e atrai um público expressivo. É gratificante sempre voltarmos a esta cidade; nos sentimos honrados. Sempre vale a pena e acredito que sempre valerá! As vendas são expressivas, mas ocupar espaços e propagar a cultura do vinil também fazem parte dos nossos objetivos. É fundamental ocupar a cidade, e o acesso gratuito democratiza o evento. E o evento, que sempre foi bom, está cada vez melhor e mais profissional! Pessoalmente, este é um momento especial para nós, pois será nossa primeira feira após um grande garimpo de mais de 8 mil discos. Selecionamos muitas novidades para levar. Esperamos que esta seja a melhor edição da Feira de Discos de Arapiraca até agora!”, dispara ele.

“TOCANDO” NA MÚSICA
Déborah Ginga — sua alcunha artística —, além de expositora, será também uma das DJs desta nova edição da Feira, com um set cheio de brasilidades e surpresas várias. Nas edições anteriores, ela também realizou discotecagem envolvente e precisa.
“Nasci no final de 1997, então não vivi a época do vinil. Meu contato veio por meio de amigos, quando eu tinha uns 20 anos. ‘Tocar’ na música, no disco em si girou uma chave dentro de mim”, comenta.
Ela revelou que, no começo, nem vitrola tinha. “Pouco tempo depois desse contato físico com o disco, comprei meu primeiro vinil, mesmo sem ter onde ouvi-lo. Mas meu amor nasceu principalmente do meu apreço pela pesquisa musical. Sempre gostei de consumir música pensando na possibilidade de conhecer inúmeras sonoridades. Quando percebi que nem tudo estava no streaming ou na internet, que existia um universo musical que o vinil podia me apresentar, o apreço virou convicção. Amo experienciar a música por meio do vinil!”, exclama Déborah, ressaltando que a Ginga Discos tem um rico canal no Youtube com raridades musicais sendo mostradas e ouvidas.
É perceptível que o evento será, pois, um lugar de encontros, de sinergia musical, não apenas de mera comercialização de produtos. Esse é o real legado que está sendo semeado edição após edição, com gerações se misturando entre as banquinhas e a plateia, garimpando novos sons.

Vale ressaltar que a 5ª Feira de Discos tem incentivo da Política Nacional Aldir Blanc, regida pelo Ministério da Cultura (Minc), a partir de edital da Secretaria Municipal de Cultura, Lazer e Juventude de Arapiraca. Além da organização da Attack Sonoro Produções e Júpiter Discos, o evento conta ainda com o apoio de Supritec, O Poderoso Opalão, DDM Soluções Contábeis, Hotel Falcão Arapiraca, TH Bebidas, Helton Júlio Equipadora, José Bento de Melo Filho Odontologia Estética, iTrends, IEP, Pizzaria Santos Paulino, NASA Sacolas Personalizadas e Dimas Vaz Luthier.
Para mais informações sobre a programação e para não perder nenhum giro da vitrola dessa nova Feira, siga o Instagram oficial @feiradediscosarapiraca.
Fonte: Assessoria