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Pessoas Pretas e pardas são as mais impactadas pela violência na região nordeste

Dos 1.492 feminicídios registrados no Brasil em 2024, 63,6% eram mulheres negras (pretas e pardas), sendo 34% delas residentes da região nordeste (Bahia, Ceará e Pernambuco dentro dos estados com mais registros). Esses e outros dados estão no Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2025, divulgado hoje (24), pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). O estudo existe desde 2011 e mapeia os registros criminais feitos anualmente pelas secretarias de segurança pública dos 26 estados e do DF.
Os números demonstram que pessoas negras estão mais suscetíveis a eventos violentos, como mortes intencionais e injúria racial. Quando é feito um recorte regional, essa vulnerabilidade fica ainda mais evidente, com o Nordeste liderando o ranking em diversos quesitos:
maior taxa de morte violenta intencional do país, quase 3 vezes superior à do Sudeste (33,8% versus 13,3) - no estado da Bahia, 79% das vítimas eram negras e em Pernambuco, pessoas negras têm 3,2x mais chances de serem vítimas, quando comparado com brancas;
aumento nos registros de injúria racial e racismo, onde estados como Bahia e Pernambuco apresentaram altas taxas de violência contra populações negras (79% e 76%, respectivamente);
lesão corporal dolosa representando 35% do total nacional, com Maranhão, Bahia e Pernambuco dentre as maiores taxas;
em casos de estupro e violência sexual, 30% os crimes foram cometidos na região, sendo 58% das vítimas negras. Mais uma vez, Bahia, Pernambuco e Ceará figuram dentre os estados mais violentos.
“Os dados são alarmantes e refletem a desigualdade racial que assola o nosso país, mas, infelizmente, não trazem espanto para quem acompanha de perto essa situação. Eles reforçam a urgência de ações efetivas para combater a violência estrutural que atinge principalmente a população negra no Nordeste. Nesse sentido, a ONG CRIOLA vem, há mais de 30 anos, atuando para promover ações e políticas públicas que combatam essa e outras manifestações do racismo patriarcal cisheteronormativo na sociedade. É o caso da Rede Empoderando Mulheres Negras para o enfrentamento à violência racial e de gênero. O projeto objetiva ampliar a capacidade de articulação e incidência política de organizações e lideranças negras das cinco regiões do Brasil em torno do tema da violência de gênero e do feminicídio”, comenta Eva Bahia, associada da ONG CRIOLA e líder da Didé.
Assessoria