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Brasil x EUA: As vantagens e riscos ao abrir uma empresa em cada país

Empresários brasileiros interessados em internacionalizar suas operações ou começar do zero em um novo mercado frequentemente se perguntam: é melhor abrir empresa no Brasil ou nos Estados Unidos? A resposta, segundo especialistas, depende de múltiplas variáveis — custos, burocracia, acesso a crédito e até segurança jurídica.
“Não se trata apenas de custo inicial. É preciso olhar para o modelo de negócio, a maturidade da operação, o mercado-alvo e o quanto o empresário está preparado para lidar com dois sistemas completamente diferentes”, afirma Fernanda Spanner, CEO da Spanner Consulting, que atua há mais de uma década na estruturação de negócios nos EUA para brasileiros.
Em relação aos custos, tem variações, embora abrir empresa nos EUA custe entre US$ 550 e US$ 1.500, dependendo do estado e do tipo societário escolhido, os custos fixos para manter o negócio em operação tendem a ser mais acessíveis que no Brasil. Nos EUA, a manutenção anual gira em torno de US$ 300 a US$ 1.000, sem incluir serviços contábeis ou impostos.
“No Brasil, abrir uma empresa pode ser mais barato inicialmente, mas o peso mensal é maior — principalmente por conta das obrigações acessórias e tributos como INSS, FGTS e Simples Nacional, mesmo para microempresas”, compara Spanner.
Burocracia: o grande obstáculo brasileiro
Um dos pontos mais contrastantes entre os dois países é a burocracia. Enquanto no Brasil o processo de abertura exige alvarás, registros em órgãos diversos e passa por mudanças legislativas frequentes, nos EUA o trâmite pode ser feito online em poucos dias, com foco na autorresponsabilidade.
“O sistema americano confia mais na responsabilidade do empresário. Não é perfeito, mas é mais direto, transparente e permite que o empreendedor comece a operar rapidamente”, destaca a CEO da Spanner Consulting.
Outro ponto a considerar é que empreendedores nos EUA contam com incentivos fiscais relevantes: desde a depreciação acelerada de ativos (bonus depreciation), até a dedução de despesas como viagens, veículos e home office, quando justificadas. Há também créditos fiscais federais e estaduais para contratação de funcionários, pesquisa e desenvolvimento, e tecnologia.
“Esses incentivos são acessíveis mesmo para pequenas empresas, desde que o empresário esteja bem assessorado. No Brasil, os incentivos existem, mas são limitados, burocráticos e pouco viáveis para a maioria dos pequenos negócios”, pontua Spanner.
Segurança jurídica: contratos valem mais
Nos EUA, o respeito a contratos é a norma, e as leis são mais estáveis e previsíveis. Já no Brasil, a insegurança jurídica e a constante mudança de regras — especialmente fiscais — criam um ambiente de incerteza.
“O empresário americano sabe o que esperar. Já no Brasil, você pode montar um plano de negócio e ser surpreendido por uma nova regra tributária três meses depois”, critica a especialista.
Outro diferencial marcante é o acesso a capital. O sistema de crédito americano é mais eficiente e baseado no credit score, tanto pessoal quanto empresarial. Além disso, investidores nos EUA estão mais abertos a risco e capital de crescimento, o que favorece startups e empresas em expansão.
“No Brasil, o crédito é caro, burocrático e exige garantias pesadas. O investidor também é mais conservador e quer mais controle. Isso limita muito o potencial de escala dos negócios”, avalia Spanner.
Riscos escondidos nos EUA
Apesar das vantagens, abrir empresa nos EUA também carrega riscos. Brasileiros tendem a subestimar:
- A variação de impostos estaduais;
- O custo de seguros obrigatórios (comercial, saúde, responsabilidade civil);
- Multas por descumprimento de normas locais;
- Barreiras culturais e de idioma;
- A necessidade de um fôlego financeiro até que o negócio se sustente.
“É um ambiente mais previsível, mas que exige preparo. Muita gente erra por achar que basta abrir a empresa que o lucro virá rápido. É necessário planejamento e adaptação”, alerta Spanner.
Nos EUA, o termo “facilidade para fazer negócios” traduz-se em menos burocracia, impostos mais claros, contratos mais respeitados e um sistema bancário mais ágil.
“No Brasil, o empresário gasta mais tempo cumprindo obrigações fiscais do que cuidando do crescimento da empresa. Isso atrasa o desenvolvimento do negócio e consome energia estratégica”, resume Fernanda Spanner.
Assim, a especialista recomenda que o empreendedor analise métricas objetivas:
-Custo mensal com contabilidade, tributos e folha;
- Tributação sobre lucro e dividendos;
- Tempo para começar a operar;
- Público-alvo (mercado local ou internacional);
- Necessidade de planejamento migratório;
- Potencial de acesso a capital e investidores.
“Muitos empresários têm optado por manter operações híbridas — no Brasil e nos EUA — para tirar o melhor de cada sistema. Mas isso só funciona com estrutura, planejamento e orientação profissional”, conclui.
Fonte: Assessoria