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Lúpus: doença autoimune que afeta principalmente mulheres, alerta especialista

Crônica, inflamatória e autoimune. O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) ainda é uma doença que intriga os reumatologistas do mundo todo, por conter sintomas que se assemelham a outras enfermidades e dificultam seu diagnóstico precoce. No Dia Mundial do Lúpus , realizado no último dia 10 de maio , a informação é uma das aliadas contra a doença, que atinge entre 150 a 300 mil pessoas no Brasil , principalmente mulheres em idade fértil, segundo estimativa da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR/2024) .
A doença é autoimune e afeta o sistema imunológico, que normalmente protege o corpo de infecções, mas passa a atacar tecidos saudáveis, impactando múltiplos órgãos como pele, articulações, pulmões e cérebro.
Para a Dra. Luiza Fuoco , reumatologista da Imuno Santos , é fundamental combater o preconceito e a desinformação. “O lúpus é uma doença séria, mas não precisa definir a vida do paciente. Com tratamento adequado e suporte, é possível estudar, trabalhar, ser mãe, viajar e viver com plenitude. O diagnóstico precoce e o acesso a medicamentos modernos são as maiores armas que temos. Por isso, informar é também uma forma de cuidar”, comenta Luiza.
E viver plenamente é a máxima para algumas personalidades da cultura pop e do mundo artístico que foram entregues com a doença, como a cantora e atriz Selena Gomez , que fez um transplante de rins em 2017 como parte do tratamento; a cantora Lady Gaga , que revelou que a doença é genética, mas que ainda não apresentou sintomas graves; a apresentadora Astrid Fontenelle , internada diversas vezes e apresentada em 2012; e a também cantora Toni Braxton , que fala abertamente sobre o assunto na mídia.
Sejam pacientes famosos ou desconhecidos, o diagnóstico é clínico , baseado na soma dos sintomas , achados físicos e exames laboratoriais . Alguns sintomas podem chamar a atenção, como dor articular persistente, manchas discóides na pele que pioram com o sol, febre sem causa aparente, queda de cabelo difusa, úlceras orais recorrentes, fadiga intensa e alterações renais ou neurológicas inexplicadas .
Nessa lista ainda se juntam os fatores ambientais como exposição solar intensa , infecção viral , estresse extremo e uso de certos medicamentos que também podem desencadear ou agravar a doença em pessoas predispostas geneticamente.
De acordo com a Dra. Luiza , o maior desafio nesses casos é que o lúpus pode “imitar” muitas doenças. "Os sintomas são variados e nem sempre surgem de forma clara, fazendo com que possam ser confundidos com artrite reumatóide ou síndrome de Sjögren - uma doença reumática sistêmica crônica, caracterizada pela segurança excessiva dos olhos, boca e outras membranas mucosas. Mas o lúpus tem um padrão próprio de sintomas e autoanticorpos", alerta.
Para identificar a doença, os exames mais indicados são o FAN (fator antinuclear) , anticorpos anti-DNA e anti-Sm , que podem ser feitos a partir de um hemograma, além de marcadores inflamatórios e avaliação da função renal . Recentemente, pesquisas têm buscado biomarcadores mais específicos, como os interferons tipo I e células B autorreativas ; e algoritmos de triagem de inteligência com artificial para acelerar o diagnóstico.
Mulheres:mais impacto
Não é por acaso, a maioria das personalidades mencionadas acima é do gênero feminino. Segundo o Ministério da Saúde, a proporção é de nove mulheres para cada homem diagnosticado . Segundo o especialista, uma das explicações para isso são os fatores hormonais, especialmente os que envolvem o estrogênio, que têm influência sobre o sistema imunológico, além da predisposição genética em pessoas com histórico familiar de doenças autoimunes.
Remissão ou cura?
O lúpus não tem cura, mas o tratamento é cada vez mais eficaz. "Antigamente, os corticoides eram a principal ferramenta. Hoje contamos com imunomoduladores modernos e medicamentos biológicos, que ajudam a controlar a doença com menos efeitos colaterais. O objetivo é a remissão, com o paciente sem sintomas ativos", diz a Dra. Luiza .
Um reumatologista explica ainda que a remissão pode durar meses ou anos, e o objetivo do tratamento é justamente alcançar e manter esse estado, melhorando a qualidade de vida. Ainda assim, a doença pode evoluir com complicações graves, como nefrite lúpica , inflamação nos enxágues; infecções e até problemas cardiovasculares , como AVC e infarto , o que explica a alta taxa de internações.
Porém, o que tem ajudado ainda mais os pacientes autoimunes é que o cuidado mudou. “Agora é multidisciplinar, com controle da inflamação, prevenção de infecções, suporte emocional e acompanhamento com nefrologistas, dermatologistas e outros especialistas”, explica Fuoco .
Sobre a Imuno Santos:
A Imuno Santos é uma clínica especializada em tratamentos para pacientes oncológicos e autoimunes da Baixada Santista. Localizado no Hospital São Lucas , em Santos, o espaço conta com uma estrutura moderna e atendimento humanizado, garantindo conforto, segurança e eficiência. O projeto foi assinado pela INOAH Arquitetos Associados .
Com capacidade para 60 atendimentos diários , a clínica disponibiliza consultórios, caixas individuais de infusão, suíte exclusiva, farmácia interna e sistema inovador de agendamento. Atende pacientes particulares e de convênios médicos, evitando que precisem se deslocar para grandes centros urbanos. Conta com diversas especialidades, como oncologia clínica, onco-hematologia, reumatologia, gastroenterologia e pneumologia .
Sobre a Dra. Luiza Fuoco:
Luiza Fuoco é médica formada pela Faculdade de Medicina da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) , com especialização em Clínica Médica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) . Luiza também é Especialista em Reumatologia pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) e Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) . Ela atua na área de doenças autoimunes e inflamatórias, com foco especial em artrite psoriásica e espondiloartrites.
Além disso, é Doutora em Ciências Médicas pela FMUSP , com abordagem na qualidade de vida, professora de Reumatologia do Centro Universitário Lusíada e supervisora do ambulatório de imunobiológicos e colagenoses do serviço de Dermatologia da mesma instituição, diretora regional da Imuno Brasil no Rio de Janeiro, Santos e ABC; e membro da Comissão de Artrite Psoriásica da SBR e do GRAPPA (Grupo de Pesquisa e Avaliação de Psoríase e Artrite Psoriásica) . Atua como médica reumatologista na Clínica Integrada de Neurocirurgia em Santos e possui experiência em centro de infusão de terapia imunobiológica desde 2011.