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Ministérios unem forças para levar energia ao campo e ampliar irrigação no Brasil

O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) promoveu, nesta quarta-feira (23), uma reunião com representantes dos polos de irrigação de diversas regiões do Brasil, associações, produtores e representantes dos ministérios de Minas e Energia (MME) e da Agricultura e Pecuária (MAPA). O objetivo foi discutir soluções para os gargalos na distribuição de energia elétrica nas áreas agrícolas e levantar as demandas energéticas do setor.
Segundo o presidente da Comissão Nacional de Irrigação da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e coordenador do polo de irrigação do Oeste da Bahia, David Schmidt, a escassez de redes de distribuição tem dificultado o acesso à energia pelos produtores. “Foi uma reunião muito salutar, onde os próprios produtores puderam se posicionar e mostrar a importância de resolver esse déficit de energia no campo”, afirmou.
A CNA apresentou, durante o encontro, um estudo que vem sendo desenvolvido há um ano com foco no mapeamento das necessidades energéticas dos polos de irrigação e de toda a área agricultável brasileira. O documento será entregue aos ministérios como subsídio para futuras ações de infraestrutura. “A CNA se prontificou a entregar esse projeto tanto para o MME quanto para o MDR, para que ele possa subsidiar ações e atender ao déficit energético nos próximos anos”, destacou Schmidt.
Aliança pelo Desenvolvimento Energético
A reunião está inserida na agenda da Aliança pelo Desenvolvimento Energético dos Polos e Projetos de Irrigação do Brasil, iniciativa liderada pelo MME em parceria com o MIDR e o MAPA. A ação visa ampliar o uso da irrigação nas áreas agrícolas brasileiras, promovendo maior integração entre os setores de energia e agropecuária, além de incentivar a autoprodução de energia por agricultores e fomentar a geração de emprego e renda no campo.
Para o secretário nacional de Segurança Hídrica do MIDR, Giuseppe Vieira, o plano representa um avanço estratégico para a eficiência dos projetos públicos de irrigação no Brasil. “A irrigação eficiente é uma das principais ferramentas para assegurar segurança hídrica e produtiva, especialmente em regiões vulneráveis às mudanças climáticas. Com a Aliança, promovemos uma atuação integrada entre água e energia, potencializando projetos públicos de agricultura irrigada, gerando emprego, renda e impulsionando o desenvolvimento regional de forma sustentável”, afirmou.
O Brasil possui atualmente cerca de 9,6 milhões de hectares irrigados, mas tem potencial para expandir essa área para até 53,4 milhões de hectares — sendo 26,69 milhões em áreas agrícolas e 26,72 milhões em pastagens. A irrigação já representa mais da metade do uso consuntivo de água no país, com tendência de crescimento nos próximos anos.
O MIDR terá papel fundamental na articulação com os polos de irrigação e na identificação das demandas regionais, contribuindo para que o planejamento energético atenda às necessidades da agricultura irrigada. A proposta também avalia alternativas de financiamento para redes de distribuição trifásica e para a expansão da transmissão, de modo a beneficiar projetos públicos e polos irrigados sem onerar os consumidores.
Polos de agricultura irrigada
Os polos de agricultura irrigada são áreas de alto potencial produtivo, onde o uso de tecnologias permite até três safras por ano, gerando até 1,2 emprego por hectare irrigado. Atualmente, o Brasil conta com 18 polos de agricultura irrigada reconhecidos pelo Governo Federal. A seleção é feita com base em critérios técnicos, como a relevância econômica da produção. Considera-se também o potencial de expansão ou de ganho de produtividade. A atuação conjunta dos ministérios busca fortalecer esse modelo e torná-lo motor de desenvolvimento regional em todo o país.
Ascom MIDR