O Dia Mundial da Água, celebrado todo dia 22 de março, é uma data essencial para a reflexão sobre a importância de um dos recursos mais vitais para a existência da vida no nosso planeta. Instituído pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992, ele busca conscientizar a sociedade sobre a importância da água, a necessidade de preservá-la e de garantir seu uso sustentável para as gerações futuras.

O mundo vem atravessando uma crise hídrica cada vez mais profunda, que é especialmente sentida no Brasil. As mudanças climáticas, secas prolongadas, a poluição dos rios e o desmatamento são fatores que impactam diretamente o abastecimento e a qualidade da água potável disponível. De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), mais de 35 milhões de brasileiros vivem em áreas afetadas pela escassez de água, o que coloca em risco não apenas a saúde pública, mas também a economia local e a segurança alimentar.

Neste cenário, cresce a importância da educação como uma ferramenta de conscientização e transformação social. A literatura, por sua vez, desempenha um papel fundamental, difundindo conhecimento sobre temas como o ciclo da água, seus impactos ambientais e possíveis soluções para o enfrentamento da escassez. A ONG Vaga Lume — que atua há mais de 20 anos promovendo o acesso à leitura em dezenas de comunidades rurais, ribeirinhas, indígenas e quilombolas da Amazônia Legal — aposta nesse caminho, levando livros e formando mediadores de leitura.

Em 2024, a Vaga Lume incorporou ao seu acervo uma série de novos livros que abordam de maneira sensível e cultural questões relacionadas à água, ao clima e ao meio ambiente. “São livros que têm um grande potencial para sensibilizar os leitores sobre a água e as relações culturais e ambientais que ele envolve. Essas obras, cuidadosamente selecionadas, destacam a importância das águas incentivando, também, a reflexão sobre os impactos das mudanças climáticas”, diz Lia Jamra Tsukumo, Diretora Executiva da Vaga Lume.

Para a Vaga Lume, a literatura é uma poderosa ferramenta de transformação social, e com especial importância para a educação ambiental. “São livros que exploram a relação de comunidades com as águas e explicitam , não apenas a importância desse recurso vital mas, também, como ele molda histórias, tradições e identidades. A água, além de elemento, é um fio condutor de laços culturais, de resistência e de pertencimento, entrelaçando gerações e testemunhando as dinâmicas de convivência e transformação das comunidades ao longo do tempo", ressalta Lia.

As crianças e os jovens que têm acesso desde cedo à narrativas que mostram a importância das águas dentro do seu contexto socioambiental, acabam desenvolvendo um olhar mais sensível para a valorização deste recurso finito. Ao falar das águas de forma lúdica ou por meio da perspectiva do conhecimento tradicional, os livros proporcionam uma imersão sutil criando pontes com diferentes culturas e territórios. Confira alguns deles:

Ed. Brinque-Book

A Pororoca (Ed. Brinque-Book), de Cláudia A. Flor D’Maria, com ilustrações de Liu Olivina, explora um cenário brasileiro lindo onde a fauna e flora amazônicas são apresentadas em toda a sua diversidade: igarapés, igapós, tucanos, tracajás, andirobas, açaizais, jiboias, jundiás. Os seres encantados também não ficam de fora desse espetáculo da natureza: o boto e a Mãe d’Água conduzem misteriosamente esse evento poderoso. Um convite fascinante para passearmos pelas culturas indígena e dos povos ribeirinhos e descobrirmos os segredos das águas.

Ed. Alebebê

Chuva (Ed. Alebebê), de Caroline Carvalho, com ilustrações de Guilherme Karsten, celebra a beleza e a diversão que podemos encontrar mesmo nos dias chuvosos. Com palavras que ecoam como melodias suaves, o leitor será levado para um mundo onde a chuva ganha vida e o convida para uma dança repleta de alegria e descobertas. Embarque com Benjamin nessa aventura molhada e divertida, que só um dia de chuva pode proporcionar.

Ed. Moderna

Estações (Ed. Moderna), de Daniel Munduruku e ilustrado por Marilda Castanha, é um livro sobre o tempo: um tempo não-linear, não-abstrato, que passa sem se atropelar. Nesta obra, Munduruku nos lembra que olhar para o tempo das coisas da natureza, que brotam, florescem e fenecem, ajuda a compreender o tempo da nossa própria vida.

Ed. Ciranda na Escola

O Trem das Águas, (Ed. Ciranda na Escola), escrito e ilustrado por Fernando Vilela, leva o leitor a viajar para o meio da grande floresta, onde as árvores são tão altas que chegam às nuvens. Lá, onde as folhas são tão largas que poderíamos morar embaixo delas, vivia um animal gigante.

Ed. Peirópolis

Seu Joaci e o Tempo – O Céu na Voz de um Mestre Caiçara, (Ed. Peirópolis), escrito e ilustrado por Miriam Fátima Esposito e crianças da praia do Baré, mostra o percurso de uma professora e seus alunos que, diariamente, tomam um barquinho conduzido por Seu Joacir para chegar à escola. Ele "olha a sua e as marés para ver sinal de vento, se vem chuva ou friagem dito está no firmamento e nas águas desse mar minha previsão do tempo". Da curiosidade sobre o olhar de Seu Joaci, nasceu uma pesquisa sobre a etnometereologia, que estuda modos tradicionais de se prever o tempo. Ao entrevistar o mestre caiçara, as crianças daquela comunidade aprenderam sobre os saberes e a cultura de seu território, valorizando-os como fonte de conhecimento e transformando-os em poesia.

Sobre a Vaga Lume

Criada há 23 anos, a Vaga Lume está presente em 23 municípios da Amazônia Legal com 93 bibliotecas comunitárias em funcionamento e mais quatro em implantação. Desde 2001 já doou 177 mil livros e formou mais de 5 mil mediadores de leitura, voluntários que leem para as crianças, trabalho esse que já impactou a vida de 110 mil crianças e jovens. O seu propósito é empoderar crianças e jovens de comunidades rurais da Amazônia por meio da leitura e da gestão de bibliotecas comunitárias, promovendo intercâmbios culturais com a leitura, a escrita e a oralidade para ajudar a formar pessoas mais engajadas na transformação de suas realidades.

Em 2023, a Associação Vaga Lume foi eleita pela terceira vez, sendo duas consecutivas, a Melhor ONG de Educação do Brasil pelo Prêmio Melhores ONGs do Instituto Doar. No mesmo ano foi contemplada pelo novo prêmio United Earth Amazônia, na categoria ESG, da sigla em inglês Environmental, Social, and Corporate Governance (Ambiental, Social e Governança) e, também, foi uma das organizações selecionadas em todo o mundo para receber uma doação da filantropa MacKenzie Scott. Em 2022 foi vencedora do Prêmio Jabuti na categoria Fomento à Leitura. Conheça o mini documentário Vaga Lume no YouTube e acesse o site da associação.

Fonte: Assessoria