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“Equidade é a palavra”, diz Felipe Neves, artista cego, durante a Mostra Inclusão
Cinema alagoano e acessível para todas as pessoas. Esta é a Mostra Inclusão, uma iniciativa pioneira, que levou seis filmes com medidas de acessibilidade para o Centro Cultural Arte Pajuçara. A ação, que aconteceu na quinta-feira (26) e sexta-feira (27), faz parte da 15ª edição da Mostra Sururu de Cinema, e visa promover a inclusão de pessoas com deficiência, oferecendo audiodescrição, janela de Libras e legendagem descritiva.
Os estudantes do Centro Estadual Educacional Cyro Accioly, que é referência no atendimento a pessoas com deficiência visual em Alagoas, estiveram presentes na sessão de cinema e puderam assistir aos filmes “Naquele Domingo O Sol Me Chamou Para Dançar", de Bárbara Lustoza, e "Cavalo", de Rafhael Barbosa e Werner Salles Bagetti.
Bruna da Silva foi uma dessas estudantes e saiu da sala de cinema eufórica com a experiência. "Eu nunca tinha vivido algo assim; nunca tinha ido ao cinema com a audiodescrição. E, pra mim, foi muito importante. Foi a primeira vez e espero que seja a primeira de muitas. Que bom viver isso", comemorou.
Mikael Oliveira também esteve presente na Mostra Inclusão e falou um pouco do que vivenciou. "Eu achei uma ótima experiência. Pra mim foi algo muito bom porque a experiência que eu já tive antes com a audiodescrição foi aquela audiodescrição da Netflix que acaba que atrapalha um pouco a compreensão do que você está assistindo. Por isso, acredito que isso pode ir bastante pra frente".
Felipe Neves é artista cego, audiodescritor consultor e parte da equipe da Mostra Inclusão, falou sobre o evento. “É a realização de um sonho, algo muito significativo. Oportunidades como essas são um direito. Por isso, a palavra aqui é equidade”, pontuou.
Segundo a produtora Renah Berindelli, a Mostra Sururu de Cinema Alagoano vem se destacando por suas ações em prol da acessibilidade. Desde 2020, o evento tem contado com intérpretes de Libras, inicialmente para as cerimônias de abertura e encerramento. Já em 2023, intérpretes estiveram presentes em todas as sessões, mesmo que o público com deficiência fosse reduzido. "Acreditamos muito nesse trabalho de formiguinha, na formação de público. Não fazemos acessibilidade para cumprir normas, mas para garantir que qualquer pessoa possa acessar nossa obra", afirma Renah.
Motivada por um episódio marcante com um espectador cego, a organização se comprometeu a criar a Mostra Inclusão, um marco. Em sua primeira edição, a Mostra Inclusão contou com audiodescrição e intérprete de Libras, buscando ampliar o acesso a todos os públicos. "Se uma pessoa quer assistir, nossa obra precisa ser acessível. Estamos fazendo um marco político e histórico, e espero que seja o primeiro de muitos", conclui a produtora.
Formação em acessibilidade audiovisual
Além das exibições de filmes, a Mostra Inclusão também trouxe oportunidades de aprendizado para profissionais e interessados na área de acessibilidade. Nos dias 28 e 30 de setembro, foram realizadas oficinas de Gravação de Intérprete de Libras em Chroma Key e de Consultoria em Audiodescrição. As oficinas ocorreram no Empire Studio BR e no Sesc Poço, e contaram com intérpretes de Libras e audiodescritores narradores, tornando o ambiente ainda mais inclusivo.
A Mostra Inclusão é um marco importante para a difusão do cinema alagoano com foco na diversidade e na inclusão de pessoas com deficiência. Além de exibir filmes acessíveis ao público final, o evento busca incentivar que mais produções audiovisuais adotem esses recursos, ampliando o alcance cultural no estado.
O Sebrae Alagoas, patrocinador oficial do evento, reconhece a importância da cultura como uma ferramenta de transformação social. "O Sebrae acredita no impacto que a arte pode ter para o crescimento cultural de um estado e se compromete em apoiar projetos que visam à inclusão e à responsabilidade social", destacou a instituição em nota.
Mostra Inclusão da 15ª edição da Mostra Sururu de Cinema Alagoano é uma produção da Sambacaitá Produções, com apoio do Alagoar, do SESC Alagoas, do Empire Studio BR e do Instituto Zumbi dos Palmares (IZP). É uma realização do Fórum Setorial do Audiovisual Alagoano (FSAL), com recurso da Lei Paulo Gustavo, do Governo Federal, operacionalizado pela Prefeitura de Maceió, através da Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa de Maceió, pelo Governo de Alagoas, através da Secretaria de Estado da Cultura de Alagoas e patrocinado pelo Sebrae Alagoas.
Fonte: Assessoria