Uma pesquisa do DataFolha sobre reservas financeiras e preparação para a aposentadoria no Brasil foi divulgada recentemente, apontando um problema que afeta muitos brasileiros: a falta de preparo financeiro para o futuro. Os números revelam que 67% dos brasileiros não possuem qualquer reserva financeira.

Embora não seja surpreendente, esse número é alarmante e reflete a carência de educação financeira na vida dos brasileiros. Ao analisarmos mais a fundo essa pesquisa do DataFolha, a preocupação se intensifica, destacando os principais pontos:

- 67% dos brasileiros não têm nenhuma reserva financeira para imprevistos.

- Apenas 6% afirmam ter poupança suficiente para manter o mesmo padrão de vida por mais de um ano.

- 10% possuem reserva para menos de 3 meses, enquanto outros 10% têm reserva para o período de 3 a 6 meses.

- Apenas 6% possuem reserva para o período entre 6 meses e 1 ano.

- 52% dos brasileiros contribuem para o INSS, enquanto apenas 13% têm algum plano de previdência privada.

- Nos últimos 5 anos, houve uma redução na proporção de brasileiros que se preparam para a aposentadoria, caindo de 12% para 8%.

- 36% dos brasileiros aplicam dinheiro na caderneta de poupança ou em algum outro tipo de investimento.

O resultado da pesquisa destaca a vulnerabilidade significativa da população a imprevistos financeiros e a falta de preparação para a aposentadoria. Diante desse cenário, surge uma pergunta crucial: "Se, a partir de hoje, eu não tivesse mais o meu ganho mensal, por quanto tempo conseguiria manter meu padrão de vida?". Embora não desejemos que você enfrente essa situação, é nossa obrigação alertá-lo sobre essa possibilidade de maneira enfática.

Nossa cultura muitas vezes negligencia o planejamento para o futuro, focando apenas no presente e, por vezes, sendo refém do imediatismo. É fundamental ter consciência de que somente o dinheiro guardado, poupado, pode ser considerado uma verdadeira segurança. A reserva financeira é um recurso cujo propósito é proteger sua vida pessoal e profissional.

Mas como criar essa reserva? O primeiro passo é realizar um diagnóstico financeiro para entender sua real situação. Isso proporciona uma visão abrangente das despesas mensais, permitindo identificar o que pode ser reduzido ou eliminado. Essa mudança deve ser direcionada para algo maior, como a realização de um sonho, seja individual ou coletivo (familiar).

Cortar gastos sem um propósito definido é insuficiente, pois o dinheiro economizado pode ser rapidamente redirecionado para despesas supérfluas. É necessário direcionar essas quantias, mesmo que pequenas, para algo que agregue valor à vida. A reserva financeira é um desses elementos que proporciona segurança.

Muitos acreditam que poupar 10% do salário é o suficiente, mas é importante ir além. Além de realizar sonhos, as pessoas precisam criar uma reserva estratégica para oportunidades ou enfrentar problemas inesperados, como perda de emprego ou problemas de saúde. Essa prática deve ser orientada por objetivos, evitando que o dinheiro poupado seja alvo fácil de gastos impulsivos.

O consumo consciente, aliado à educação financeira, desempenha um papel crucial nesse processo. Além disso, é importante pensar onde investir a reserva financeira, priorizando a liquidez para possibilitar retiradas quando necessário.

Com medidas efetivas e educação financeira, a população pode superar a situação de risco evidenciada pela pesquisa. No entanto, é fundamental agir o quanto antes. Evite ser mais uma pessoa que só percebe a necessidade quando ela se torna urgente. Seja alguém com um planejamento sólido para o futuro.

Reinaldo Domingos é PhD em Educação Financeira, presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (Abefin) e da DSOP Educação Financeira. Autor de diversos livros sobre o tema, como o best-seller Terapia Financeira.

Fonte: Assessoria