Estudantes do 8º e 9º do ensino fundamental da Escola Estadual Edmilson Pontes compareceram ao auditório da Escola Superior da Magistratura de Alagoas (Esmal), localizado no bairro do Farol, em Maceió, para acompanhar uma palestra promovida pelo Programa Cidadania e Justiça na Escola (PCJE). A ação, que aconteceu na manhã desta segunda-feira (10), teve como tema a “Prevenção e combate ao uso das drogas” e foi comandada pelo conselheiro terapêutico e ex-dependente químico Willian Leite.

De acordo com o palestrante, é muito importante conversar com os jovens e instruí-los sobre a gravidade do tema. Como parte do trabalho de conscientização, ele visita escolas públicas e participa de diversos projetos sociais voluntariamente. “Eu costumo dizer que o dependente químico se tornou um ativista. Desse modo, eu consigo alertar as crianças sobre os perigos de se envolver com o mundo das drogas”, contou Willian Leite.

Com uma didática e abordagem singulares, o ex-dependente químico foi capaz de cativar os alunos e surpreendê-los com o depoimento de suas experiências. “A parte mais emocionante é quando revelo que eu sou o usuário de drogas da história e vejo o rosto das crianças. Umas ficam espantadas, outras se emocionam e choram”, disse.

Adolescentes da Escola Estadual Edmilson Pontes ficaram emocionados com a história de Willian Leite. (Foto: Rebecca Bastos)

Representando o juiz Hélio Pinheiro, coordenador de Projetos Especiais da Esmal, o juiz Gustavo Souza Lima, coordenador do Núcleo de Ensino à Distância, esteve presente e destacou a importância do PCJE e das atividades realizadas com os alunos. “O projeto atua de maneira relevante e notável. Palestras como essa fazem a diferença na vida dos jovens que têm a oportunidade de participar”, ressaltou.

Há sete anos em recuperação, o conselheiro terapêutico teve seu primeiro contato com drogas aos 11 anos, no banheiro da escola onde estudava. Durante a adolescência e a passagem para a vida adulta manteve vícios em álcool, maconha e cocaína. Antes de se afundar completamente nas drogas, se casou e tornou-se empresário. Mas viu tudo ser destruído ao se entregar para o crack.

“Foram oito anos usando crack todos os dias. Eu entreguei a chave do meu empreendimento nas mãos de um traficante por 15 gramas de crack e fui morar debaixo de uma ponte. Quando comecei o processo de reabilitação, tentei cometer suicídio por sete vezes e, na última, fiquei em coma por um mês e os médicos não viam solução para o meu caso. Nesse período, minha mãe foi a única pessoa que não desistiu de mim e me ajudou até aqui”, disse Willian Leite.

“Nenhum teórico seria capaz de apresentar esse tema e atingir as crianças da forma que o Willian fez. A grande diferença, e que faz com que ele seja eficiente na hora de instruir os jovens, é a experiência de vida. Com toda essa bagagem, ele é capaz de conscientizar e mostrar as desvantagens e malefícios do uso das drogas”, finalizou o juiz Gustavo Lima.

Equipe da Esmal presenteou estudantes com camisetas do Programa Cidadania e Justiça na Escola. (Foto: Rebecca Bastos)

Para o professor Jorge Aguiar, que há 40 anos leciona em escolas públicas, essa integração entre o Tribunal de Justiça (TJ/AL) e a sociedade, por meio das instituições de ensino, é de suma importância e fomenta o debate consciente sobre temas sérios. “Eu fico entusiasmado com iniciativas como essa que valorizam a conversa e a conscientização de crianças e adolescentes. É uma forma eficaz de superar problemas e tratar com diversos problemas que afetam a vida dos alunos”, contou.

Os estudantes Arnaldo da Silva e Ana Paula da Conceição, ambos de 15 anos, se emocionaram ao ouvir os relatos do ex-dependente químico e garantem que vão levar para toda a vida os ensinamentos da palestra. “Foi muito bom poder participar e conhecer a história do Willian. Palestras como hoje fazem com que tenhamos prazer em aprender e também prestemos atenção no que estamos fazendo dentro e fora da escola”, disse Ana Paula.

“Na nossa escola, a diretora se preocupa e nos alerta sobre os problemas causados pelas drogas. É muito importante ter a chance de ouvir de alguém que passou por muita coisa e pode contar como é ruim e difícil se livrar das drogas”, relatou Arnaldo da Silva.

Rebecca Bastos - Esmal TJ/AL