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Fabíola Carnaúba: Mãe, arquiteta e empreendedora

Muitas vezes, a vida nos impõe escolhas difíceis. Trocar estabilidade financeira e segurança profissional para ficar mais próximo daqueles que amamos é uma delas. Mas, quando vemos que os frutos dessas escolhas já podem ser colhidos, nos sentimos recompensados e podemos dizer de peito aberto: valeu a pena! Provavelmente, esse foi o sentimento de Fabíola Carnaúba, arquiteta e urbanista que largou sua carreira bem sucedida em importantes construtoras de Maceió, Aracaju e Salvador, para empreender e ficar mais perto de suas filhas e do seu marido.
Ao se formar no curso de Arquitetura e Urbanismo, na Universidade Federal de Alagoas (Ufal), em 2003, Fabíola tinha o sonho de trabalhar em grandes construtoras e galgar uma carreira de sucesso. Ao observar o mercado local, descobriu que as construtoras quase não contratavam arquitetos para projetos, e por isso mesmo, recém formada, o primeiro desafio estava posto: deixar a cidade e buscar oportunidades em Aracaju/SE.
Já na cidade nova e devidamente empregada, Fabíola foi ganhando espaço dentro da empresa e pode se consolidar profissionalmente. Tempos depois, foi designada para outra unidade, desta vez, na capital baiana. As demandas de mercado foram aumentando, os chefes foram observando o desempenho da já experiente arquiteta, e nestas reviravoltas que o mundo dá Fabíola foi convidada a chefiar uma nova unidade da empresa. E o destino não poderia ter sido mais exato: a filial seria em Maceió. Aquele era seu segundo maior desafio, e ao mesmo tempo, a realização de um sonho.
“Perguntaram se eu estava disposta a assumir uma filial aqui. Aceitei na hora. Era o meu sonho se realizando: voltar para casa e trabalhar em uma construtora na minha cidade. Naquele momento, era tudo o que eu queria para a minha carreira”, destacou Fabíola Carnaúba.
Em Maceió, Fabíola noivou, casou, alicerçou sua família e agregou novas experiências profissionais à carreia. A implementação do setor comercial em duas empresas pelas quais passou e a experiência que adquiriu, foram, mais tarde, preponderantes para a ideia de empreender e abrir seu próprio escritório. Em meio ao sucesso profissional e mais de 10 anos dedicados ao trabalho, a arquiteta teve suas duas filhas, a Sofia, que hoje tem seis anos, e a Maria Alice, que tem dois. Ao ter que conciliar o papel de mãe e gerente, a dupla jornada pesou e Fabíola, começou a desenvolver transtorno de ansiedade.
“Naquele momento eu tinha uma rotina muito agitada. Já não tinha muito tempo para as minhas filhas e passei a apresentar sintomas de transtorno de ansiedade. Eram muitas tarefas, trabalhar fora, cuidar das meninas – e elas têm inglês, natação, ballet... eu já não comportava mais. Já estava no meu limite e meu organismo pedia para eu parar”, revelou Fabíola.
Empreender para vencer a ansiedade
Nesse momento difícil, Fabíola parou por um tempo. Deixou o emprego, foi tratar o transtorno de ansiedade, cuidar da família, da própria casa e refletir. “Eu, como arquiteta, não tinha a minha casa arrumada. Não me sobrava tempo. Eu fazia para os outros, mas não fazia para mim. Foi cuidando de mim, das minhas coisas que decidi, no segundo semestre do ano passado: agora vou trabalhar por conta própria. Não vou mais trabalhar para ninguém. Vou empreender!”, concluiu a arquiteta.
Foi aí que Fabíola se planejou, venceu a ansiedade e com a bagagem que já tinha e a vivência de mais de 10 anos no mundo corporativo, abriu seu escritório em casa. Agora, empresária e arquiteta, começou a estudar formas de divulgar sua empresa e atrair clientes, procurou a Consultoria com Hora Marcada do Sebrae e percebeu que as redes sociais seriam uma boa saída.
“Procurei o Sebrae e peguei algumas dicas de e-commerce e redes sociais por meio da consultoria, porque acompanho muito o Facebook, o Instagram e vejo que as pessoas divulgam os seus negócios e vi que era uma forma que eu tinha para propagar meu trabalho e captar clientes. Quando eu comecei, só 500 pessoas me seguiam nas redes e agora estou com mais de 11 mil seguidores e muitos clientes”, concluiu.
Lições, resultados e planos para o futuro
Atualmente, Fabíola pensa em se capacitar mais e fazer mais cursos na área de empreendedorismo. Em meio as dificuldades, idas e vindas, que passou ao longo de sua carreira, a empreendedora falou sobre algumas lições, resultados, planos para o futuro e como tem conciliado a vida de empresária e mãe.
“O dinheiro não pode vir em primeiro lugar na nossa vida. Em primeiro lugar, deve estar a família. Não adianta correr atrás de sonhos pessoais, de dinheiro, se deixamos a família e os filhos de lado. Minha relação com minhas filhas melhorou 100%, pois agora tenho domínio sobre minha agenda, posso marcar com os clientes o melhor horário. Não quero mais parar, não quero voltar a trabalhar para outra empresa, quero dar continuidade ao escritório e crescer no mercado”, afirmou.
Fabíola Carnaúba deixou uma mensagem para mães que pensam em empreender. “Temos que acreditar no nosso próprio potencial. As vezes nós temos medo, e, por comodismo, por ter emprego e salário, não quer arriscar tudo por uma coisa que não é segura. Arrisquem, pois a família sempre tem que vir em primeiro lugar! Empreendam com consciência e se dediquem. Sem dedicação, não conseguimos nada”, finalizou.
Marcos Alencar, gerente da Unidade de Relacionamento Empresarial (URE) do Sebrae em Alagoas, também falou sobre a relação de mães com o empreendedorismo. “Empreender é ter brilho nos olhos. Quando alguém empreende não apenas para ganhar dinheiro, mas para fazer os sonhos acontecerem e ficar mais perto da família, dos filhos, entendemos que este alguém pode ir muito longe, crescer e se consolidar no mercado competitivo”, concluiu.
Fonte: Agência Sebrae Alagoas