O Festival do Teatro Brasileiro (FTB) continua levando arte e sensibilidade aos alunos da rede municipal de ensino da capital alagoana. Desta vez, eles terão a oportunidade de apresentar as técnicas teatrais adquiridas durante um mês de oficinas com a encenação de Cenas Curtas. Nesta quinta-feira, a partir das 16h horas, os alunos da escola Antídio Vieira, no bairro do Trapiche da Barra, encenam os textos trabalhados nesse período. Ao todo, cerca de 80 alunos, com idades entre 11 e 14 anos, participaram das oficinas, lideradas por um profissional do ramo. As temáticas abordadas pelos alunos incluem acontecimentos e dificuldades vivenciadas por eles em seu cotidiano, como os problemas familiares, as drogas e o bullying. “Uma aluna da Escola Padre Pinho, que sofria bullying dos colegas, quase chora no início da apresentação, mas respirou fundo e fez a cena. Isso mostra como esses meninos e meninas estão conseguindo enfrentar seus medos a partir do contato com as artes cênicas”, disse Adriana Manolio, coordenadora do FTB em Maceió. O FTB foi realizado na capital alagoana no mês de setembro, com desdobramentos em outubro. A ação com os jovens e adolescentes é considerada o momento mais importante de todo o festival. Em setembro, cerca de 800 alunos de escolas da rede municipal de ensino participaram dos três movimentos da Ação Pedagógica de Formação de Plateia, executada por dez arte-educadores pré-selecionados que passaram por uma capacitação de 12 horas para que pudessem desenvolver as atividades com os estudantes. No primeiro movimento, os alunos passaram por 4 horas/aula com os arte-educadores, em sala, realizando exercícios que visavam a ampliação de horizontes de percepção. Na segunda etapa, as crianças assistiram ao espetáculo Flor de Macambira, do grupo paraibano Coletivo Teatral Ser Tão Teatro. Na terceira etapa, os meninos e meninas retornaram à sala de aula para mais duas horas de debate sobre as temáticas abordadas pelo espetáculo. Participaram da Ação Pedagógica alunos das escolas Antídio Vieira, Padre Pinho e Silvestre Péricles. A elaboração de Cenas Curtas é uma ação de continuidade do projeto, onde foram transmitidas noções de dramaturgia, seguidas de atividades de criação de textos cênicos, práticas de jogos e encenação. De acordo com o idealizador e coordenador nacional do FTB, Sergio Bacelar, um relatório elaborado pelos arte-educadores que participaram da Ação Pedagógica, com base nos depoimentos dos alunos e professores, apontou as mudanças comportamentais e na absorção dos estímulos por parte dos jovens envolvidos, no sentido de direcionar o trabalho nas próximas edições do Festival. “Os alunos apresentam mudanças profundas que vão desde a disciplina em sala de aula até o convívio social. Também buscamos incentivar a formação de grupos teatrais nas escolas. Em Maceió, tivemos alunos que decidiram continuar ensaiando em espaços no próprio bairro, uma vez que muitos estão mudando de escola no ano que vem. Essa é a ação mais gratificante de todo o festival, e a que mais apresenta reflexos em longo prazo”, avalia Bacelar. Etapa alagoana A etapa alagoana do Festival do Teatro Brasileiro teva a participação de mais de 7.500 pessoas entre espectadores e participantes das atividades paralelas, incluindo as oficinas de Grafite e Hip Hop para jovens e adolescentes da Vila dos Pescadores, Ciclo de Dramaturgos, palestra sobre Elaboração de Projetos para Editais, Residência Artística e a festa de encerramento do período de apresentações, realizado no dia 19 de setembro, na Praça Multieventos, com o cantor Chico César, o DJ Chico Correa e a Companhia de Projeções Folclóricas Raízes. O período de apresentações da etapa alagoana do FTB foi aberto na sexta-feira (11) pelo ator global Luiz Carlos Vasconcelos, que trouxe para Maceió seu espetáculo solo Silêncio Total, do Piollin Grupo de Teatro, lotando o Teatro Deodoro. Em seguida, no dia 12, o grupo teatral Quem Tem Boca é pra Gritar mudou a rotina dos moradores da Vila dos Pescadores, no bairro do Sobral, com o espetáculo de rua Cancão, Malazarte e Trupizupe. Também no dia 12, o ator de 73 anos Fernando Teixeira emocionou a plateia do Teatro Jofre Soares – SESC Centro com o solo Esparrela, do Grupo de Teatro Bigorna. No dia 17, com o Teatro Deodoro mais uma vez lotado, a Agitada Gang – Grupo de Atores e Palhaços da Paraíba apresentou Como Nasce um Cabra da Peste. No dia (18), o Milagre Brasileiro, do Coletivo de Teatro Alfenim, lotou a Sala Preta do Espaço Cultural, na Praça Sinimbu, mexendo nas cicatrizes deixadas pelo período do Regime Militar no inconsciente coletivo do povo brasileiro. Na avaliação de Sergio Bacelar, o FTB cumpriu seu papel em Maceió. “O teatro tem essa função: de transformar, de fazer pensar. E foi isso que vimos aqui”, disse. Em 2015, em sua 17ª edição, o FTB passou pelos estados do Pará, Ceará, Alagoas e Espírito Santo. O Festival conta com o patrocínio da Petrobras desde 2008. Todas as apresentações, inclusive os shows do músico Chico César e do DJ Chico Correia, tiveram entradas ou inscrições gratuitas. O Festival foi apresentado pelo Ministério da Cultura e sua etapa alagoana teve o apoio cultural do SESC,Secretaria de Cultura do Estado da Paraíba, Universidade Federal de Alagoas (Ufal), do Governo do Estado por meio da Diretoria de Teatros de Alagoas (Diteal), e da Prefeitura de Maceió por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), com a co-realização pela Fundação Municipal de Ação Cultural (FMAC).