A comunidade cultural de Maceió lamenta a perda do grande Beto Leão, falecido na madrugada desta sexta-feira (09). Cenógrafo, ator, diretor, poeta, músico e artista visual, Beto Leão deixa um legado de produções impecáveis nos diversos segmentos em que atuava. O velório acontece no Campo Santo Parque das Flores, onde o artista será sepultado, às 15h. O presidente da Fundação Municipal de Ação Cultural (Fmac), Vinicius Palmeira, destaca a importância de Beto Leão para várias gerações de artistas alagoanos. “Na pintura, na música, na poesia e em direções de arte inesquecíveis, Beto colaborou para o desenvolvimento e a difusão dos nossos fazeres artísticos aqui e em outros territórios”, afirmou. O legado de Beto Leão para as artes lhe rendeu o título de “um artista completo”, segundo a amiga, arquiteta e também cenógrafa Mirna Porto. Para ela, Leão guardava em si uma efervescência artística ímpar. “Ele foi o primeiro artista a inaugurar uma exposição solo aqui em Alagoas, era figura sempre presente nos trabalhos de Cacá Diegues e emprestou seu talento a diversas produções da teledramaturgia brasileira, com participação em obras como Xica da Silva, da Rede Globo, e Kananga do Japão, da extinta Rede Manchete”, lista a amiga. Experimentado o sucesso em terras afora, o mar trouxe Leão de volta a Maceió. “…Eu vou voltar pra passear no mar…”, compôs. Voltou mesmo e foi além do passeio, liderou a pasta da Cultura no estado na gestão do governador Ronaldo Lessa, e coordenou o projeto Alagoas de Corpo e Alma, levando a arte e os artistas alagoanos para romper barreiras pelo Brasil. Mesmo lutando contra um câncer que há anos o maltratava, Leão continuou produzindo. Em 2014, aos 64 anos, lançou a exposição “Ofícios”, na galeria Fernando Lopes do Centro de Estudos Superiores de Maceió, que reunia uma média de 60 obras produzidas durante 30 anos de trabalho – telas pintadas a óleo e acrílico, além de desenhos. Na oportunidade lançou o livro de poesias “Inversão de Orfeu e Outro Poemas”, em homenagem a Jorge de Lima. Recentemente foi convidado para participar do Projeto Velas Artes juntamente com outros 14 artistas. Já debilitado pela doença, Beto Leão precisou ser internado e teve a vela destinada ao seu trabalho carinhosamente pintada pelos amigos Alex Barbosa, Ana Maia, Bárbara Lessa, Beto Normande, Dalton Costa, Eduardo Xavier, Juarez Orestes, Lula Nogueira, Maria Amélia Vieira, Paulo Caldas, Rogério Sarmento, Salles Tenório, Suel Damasceno e Tânia Pedrosa. Hoje a vela que traz uma das primeiras imagens concebidas por Beto Leão, estará exposta durante a despedida do artista no Campo Santo Parque das Flores, no Tabuleiro. “Que a vela nos leve por novos e infinitos mares por onde navegaremos sempre juntos”, é a homenagem da Fmac e do Conselho Municipal de Políticas Culturais ao grande Beto Leão.