O dia 13 de agosto de 1988 entrou para a história da Medicina alagoana e da Santa Casa de Maceió com o primeiro transplante de órgão humano realizado no Estado. O transplante de rim ocorreu sete meses antes do primeiro transplante cardíaco realizado em Alagoas pela equipe do cardiologista José Wanderley Neto. O paciente Francisco Sebastião de Lima, inclusive, continua testemunhando o sucesso da cirurgia até hoje. Ambos eventos marcaram toda uma geração de profissionais da instituição. Ao relembrar os preparativos para o transplante de rim, o angiologista François de Oliveira relembra a viagem que ele e um grupo de médicos fez até o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP) para conhecer a técnica e trazê-la para Alagoas. “Foram 60 dias de aprendizado”. Ao retornar à capital alagoana, a equipe se empenhou em dotar o centro cirúrgico da Santa Casa de Maceió com a estrutura e os protocolos necessários ao transplante. Com tudo pronto, o grupo esperou pacientemente até que a família de uma jovem de 20 anos, vítima de traumatismo craniano, autorizou o transplante dos rins, beneficiando dois pacientes, um deles foi Euclides Bezerra de Melo, 48 anos, natural de Palmeira dos Índios. O procedimento durou quatro horas. O grupo de pioneiros do primeiro transplante foi liderado pelo chefe da Nefrologia, Ribamar Vaz, já falecido e um dos principais incentivadores da iniciativa. A equipe contou com os cirurgiões François Oliveira, Lúcio Wanderley, Renato Rezende e João Medeiros, além de Paulo Vitório (clínico) e os nefrologistas Arnon Farias, Georgina Lira, Milton Marques e Dagmar Vaz. Participaram do procedimento os anestesistas Deusdedith Pinheiro e Dário Braga Dória. A convite da Santa Casa de Maceió, integraram a equipe os cirurgiões do Hospital Real Português Luiz Negreiros, Antonio Câmara e Jorge Teles. “O pioneirismo da Santa Casa não pode ser esquecido. Firmamos naquele momento um novo marco na história da Medicina alagoana”, disse o nefrologista Dagma Vaz. Já o angiologista François Oliveira lembra que, à época, o SUS remunerava apenas a equipe que implantava o órgão nos pacientes, ficando a equipe responsável pela retirada sem qualquer tipo de pagamento. “A remuneração era irrisória, mas em solidariedade aos demais colegas, até mesmo o nada era repartido. O desejo de salvar vidas e de trazer para Alagoas esse tipo de serviço superava a questão financeira”, recorda François.